Quando pensamos em carros americanos, Ford e GM vêm à mente como representantes máximos do estilo “maçã americana e águia careca”.
Mas, ironicamente, quem leva o troféu de maior conteúdo nacional em seus veículos não é nenhuma dessas gigantes tradicionais, e sim a Tesla — famosa por suas controvérsias, memes, e carros com ajustes de painel, digamos, duvidosos.
De acordo com um estudo da Kogod School of Business da American University, o Tesla Model 3 Performance é o carro mais “Made in USA”, com impressionantes 87,5% de suas peças vindas de fornecedores locais (incluindo Canadá, como permite a metodologia).
Outros modelos da Tesla dominam o ranking, com o Model Y Long Range e o Model Y básico empatados em segundo lugar, com 85% de conteúdo doméstico.
O terceiro lugar fica com o Tesla Cybertruck, com 82,5% de peças nacionais, seguido pelos Model S e Model X, empatados com 80%. Curiosamente, a Ford aparece empatada nessa faixa com o Mustang GT e suas variantes.
Marcas como Honda, Jeep, Chevrolet, GMC e Volkswagen também figuram no ranking, mas com porcentagens de conteúdo doméstico que não ameaçam o reinado da Tesla.
Embora os números impressionem, o “patriotismo” da Tesla vem com ressalvas. O autor do estudo, Frank DuBois, alerta que a montadora ainda depende significativamente de peças chinesas, especialmente motores e baterias.
No caso do Model 3 Long Range, por exemplo, cerca de 40% das peças vêm da China, enquanto o Cybertruck tem 20% de componentes chineses em partes como assentos e painéis do painel.
Isso significa que a posição dominante da Tesla pode ser ameaçada por mudanças nas políticas comerciais.
Com a perspectiva de novas tarifas na próxima administração Trump, as cadeias de suprimento globais da Tesla podem enfrentar instabilidade, o que preocupa executivos do setor.
O estudo levanta questões sobre o que realmente significa ser “fabricado nos EUA”. A metodologia considera peças de EUA e Canadá como “conteúdo doméstico”, seguindo a American Automobile Labeling Act, mas não distingue o impacto econômico entre os dois países.
Modelo | Porcentagem de peças feitas nos EUA |
Tesla Model 3 Performance | 87,5% |
Tesla Model Y Long Range | 85,0% |
Tesla Model Y | 85,0% |
Tesla Cybertruck | 82,5% |
Tesla Model S | 80,0% |
Tesla Model X | 80,0% |
Ford Mustang GT 5.0-liter | 80,0% |
Ford Mustang GT Coupe Premium | 80,0% |
Honda Passport AWD | 76,5% |
Honda Passport Trailsport | 76,5% |
Jeep Wrangler Rubicon | 76,0% |
Jeep Wrangler Sahara | 76,0% |
Volkswagen ID.4 AWD 82-kWh | 75,5% |
Chevrolet Colorado 2.7-liter | 75,5% |
GMC Canyon AT4 Crew Cab 4WD | 75,5% |
GMC Canyon Denali Crew Cab 4WD | 75,5% |
Chevrolet Colorado LT Crew Cab 2WD 2.7-liter | 75,5% |
Chevrolet Colorado Z71 Crew Cab 4WD 2.7-liter | 75,5% |
Volkswagen ID.4 RWD 96-kWh | 74,5% |
Volkwagen ID.4 RWD 82-kWh | 74,0% |
Honda Odyssey | 74,0% |
Honda Ridgeline | 74,0% |
Honda Pilot | 74,0% |
Lincoln Corsair | 73,5% |
Apesar disso, a presença dominante da Tesla no ranking destaca como a empresa transformou sua produção em território americano em uma vantagem competitiva.
Além da Tesla e da Ford, o estudo inclui nomes como o Honda Passport, Jeep Wrangler e o Volkswagen ID.4, que aparecem entre os carros com maior porcentagem de peças domésticas. Modelos como o Lincoln Corsair, Honda Pilot e Chevrolet Colorado também garantiram posições no top 10.
A Tesla pode ostentar o título de marca mais americana, mas sua dependência de componentes chineses e as mudanças no cenário comercial global mostram que “Made in USA” não é tão simples quanto parece.
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