Tesla declara guerra a seus próprios clientes e jornalistas que ousam criticar seus carros, os processando e ainda pedindo indenização

tesla (1)
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A Tesla tem adotado uma postura agressiva contra clientes e veículos de imprensa que fazem críticas à marca, conforme reportagem da agência de notícias Associated Press .

Um dos casos mais emblemáticos é o de Zhang Yazhou, uma proprietária de um Tesla Model 3 na China, que enfrentou um processo de difamação movido pela montadora após reclamar publicamente sobre uma falha nos freios do carro de sua família.

Além de perder o caso, ela foi condenada a pagar mais de 23 mil dólares à empresa e obrigada a se retratar publicamente.

Esse não é um caso isolado. Nos últimos quatro anos, a Tesla processou pelo menos seis proprietários de veículos na China que relataram problemas mecânicos, acidentes ou falhas de qualidade.

Além disso, ao menos seis blogueiros e dois veículos de imprensa chineses também foram processados por publicarem reportagens críticas sobre a empresa.

cliente protesta tesla china (1)
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A revisão de documentos judiciais feita pela Associated Press revela que Tesla venceu todos os 11 casos cujo desfecho pôde ser verificado, sendo que dois deles ainda estão em fase de apelação.

Embora não seja comum que montadoras processem seus próprios clientes, Tesla tem adotado essa estratégia de forma sistemática, aproveitando sua influência dentro da China para silenciar críticas.

O governo chinês, que tem uma relação estreita com a empresa, concede à Tesla benefícios regulatórios, incentivos fiscais e condições especiais para sua operação no país, tornando-a uma peça-chave na estratégia da China para o crescimento dos veículos elétricos.

Como consequência, consumidores que tentam processar a montadora por falhas em seus veículos frequentemente encontram dificuldades na justiça.

cliente protesta tesla china (2)
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Um exemplo claro desse desequilíbrio de poder é o próprio caso de Zhang. Seu pai dirigia o Model 3 quando, segundo ela, os freios falharam, resultando em um acidente grave que levou sua mãe e seu pai ao hospital.

No entanto, as autoridades de trânsito determinaram que a culpa era do motorista por não manter distância segura dos outros veículos. Insatisfeita, Zhang tentou obter da Tesla os dados do carro para entender o que aconteceu, mas a empresa se recusou a fornecê-los.

Revoltada, ela iniciou uma campanha de protesto, exibindo faixas em frente a concessionárias e até subindo no teto de um carro da marca durante um evento automotivo.

A resposta da Tesla veio na forma de um processo de difamação, alegando que Zhang havia espalhado informações falsas que prejudicaram a imagem da empresa.

cliente protesta tesla china (3)
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Paralelamente, a montadora também publicou os dados do veículo de Zhang, incluindo seu número de identificação, alegando que os freios funcionaram corretamente no momento do acidente.

Zhang afirma que, após isso, ela e sua família começaram a sofrer ameaças e ataques online, além de ter dúvidas sobre a veracidade dos dados divulgados pela empresa.

Além de consumidores, Tesla também tem recorrido aos tribunais contra jornalistas e veículos de imprensa que publicam reportagens críticas.

A montadora já processou os sites PingWest e ifeng.com por publicarem matérias investigativas sobre problemas de qualidade e condições de trabalho em sua fábrica na China. No caso do PingWest, a empresa conseguiu uma indenização e um pedido público de desculpas.

Nos Estados Unidos, Tesla ainda não chegou a processar clientes, mas Elon Musk já deu sinais de que considera essa possibilidade.

Em janeiro, o bilionário afirmou em uma postagem na rede X (antigo Twitter) que talvez fosse o momento de processar veículos de imprensa por publicações que, segundo ele, prejudicam a imagem da empresa.

A estratégia da Tesla de intimidar críticos através da justiça tem gerado um efeito preocupante. Muitos consumidores que enfrentaram problemas com seus veículos hesitam em se manifestar por medo de represálias.

Um dos exemplos mais marcantes é o de Chen Junyi, que sobreviveu a um grave acidente com seu Model 3 e alegou falha nos freios. Ele foi processado pela Tesla, condenado a pagar uma indenização e obrigado a se desculpar publicamente.

Posteriormente, publicou uma retratação nas redes sociais afirmando que sua confissão não havia sido espontânea.

O histórico da Tesla na China e sua relação estreita com o governo local mostram como a empresa tem usado sua influência para proteger sua reputação, mesmo à custa da transparência e da justiça para os consumidores.


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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.