Assim como no Brasil, temos pessoas com coragem suficiente para pagar mais de R$ 200.000 em um Gol GTI quadrado, nos Estados Unidos, os leilões de carros estão desafiando a lógica.

Veículos comuns, que dificilmente seriam considerados especiais, aparecem com preços tão altos que chegam a parecer suspeitos.

O mais recente exemplo disso é um Chevrolet Corvette C6 de 2012, vendido por inacreditáveis 330 mil dólares (mais de R$ 1,98 milhão) no leilão Barrett-Jackson, realizado em Scottsdale, nos Estados Unidos.

A Barrett-Jackson é famosa por leilões de alto padrão, onde colecionadores muitas vezes gastam pequenas fortunas em modelos raros ou customizados.

Porém, o que chama a atenção neste caso é que o Corvette vendido não tem nada de extraordinário. Ele faz parte da David M. Ressler Collection, um acervo de Corvettes interessantes, mas este modelo específico não é um Z06 nem um ZR1 — versões mais exclusivas e potentes da linha.

Trata-se de um C6 padrão, com um motor V8 6.2 litros original de fábrica e apenas 65 milhas rodadas (cerca de 105 km).

Apesar da baixa quilometragem e do estado impecável, o carro não oferece características únicas. Ele não tem um histórico marcante, não pertenceu a nenhuma celebridade e nem está associado a algum momento icônico da história automotiva.

O câmbio automático de seis marchas também não ajuda a torná-lo mais desejável, já que os puristas costumam preferir Corvettes com transmissão manual.

Em resumo, é apenas um Corvette vermelho muito bem conservado, do tipo que você poderia ver em um encontro casual de entusiastas em um estacionamento de supermercado.

O que torna essa venda ainda mais curiosa é a discrepância de preços entre este carro e outros Corvettes vendidos no mesmo leilão.

Um C6 de 2005, também vermelho, com 7.463 milhas e equipado com câmbio manual, foi arrematado por apenas 29 mil dólares.

Outro exemplo foi um Corvette Grand Sport de 1996, uma edição especial de apenas 810 unidades produzidas, que saiu por modestos 22 mil dólares.

Com tantas opções mais interessantes e por valores muito mais baixos, a venda do C6 de 2012 por um preço tão exorbitante continua um mistério. O carro não foi arrematado para fins de caridade, e nenhuma explicação sobre um possível fator que valorizasse o modelo foi apresentada.

O caso deixa claro que o mercado de leilões pode ser imprevisível, guiado tanto pela emoção quanto pela lógica. Talvez o comprador tenha se encantado pelo estado do veículo ou simplesmente desejasse algo do Ressler Collection, mas, para os observadores, a transação segue inexplicável.

Afinal, pagar o equivalente a uma casa de família no interior de Ohio por um Corvette comum é o tipo de coisa que só se vê em um leilão como o Barrett-Jackson.