A proposta do presidente eleito Donald Trump de impor uma tarifa de 25% sobre veículos importados do México ameaça complicar ainda mais o mercado automotivo nos Estados Unidos.
Essa medida, caso implementada, pode impactar significativamente os preços de modelos mais acessíveis e forçar ajustes drásticos em toda a cadeia de produção automotiva.
Cerca de um terço dos veículos vendidos nos EUA por menos de $30.000 são fabricados no México, incluindo modelos populares como Nissan Sentra e Ford Maverick.
Essa dependência cresceu nas últimas décadas, com o México se consolidando como um centro de produção para carros pequenos e SUVs de baixo custo.
Os baixos salários no México, que variam entre $3,50 e $4,30 por hora em fábricas de montagem, ajudam a tornar viáveis modelos que, nos EUA, teriam margens de lucro reduzidas devido aos salários médios de $33 por hora para trabalhadores na indústria automotiva.
Hoje, mais de 20 fábricas mexicanas produzem quase quatro milhões de veículos por ano, dos quais cerca de 70% são exportados para os Estados Unidos.
Segundo estimativas da Wolfe Research, a tarifa proposta poderia adicionar cerca de $3.000 ao custo médio de cada carro vendido nos EUA.
Modelos fabricados no México, como Honda Civic e Kia Forte, seriam os mais afetados, potencialmente pressionando consumidores que já enfrentam pagamentos mensais médios de $700 ou mais, por carros novos.
“Isso vai atingir os veículos mais acessíveis, dificultando ainda mais a vida de quem já está com o orçamento apertado”, comentou Ivan Drury, da Edmunds.
Executivos da indústria automotiva expressaram preocupação com a proposta. Steven Center, chefe das operações da Kia nos EUA, destacou o impacto destrutivo que a tarifa poderia ter: “Por favor, não façam isso. Prefiro levar um soco, mas uma tarifa seria desastrosa.”
Mary Barra, CEO da General Motors, observou que o plano pode ser parte de uma estratégia de negociação. “Estamos fornecendo insumos nos bastidores e esperando para ver como isso se desenrola”, disse ela.
A GM, que monta cerca de um terço de seus veículos vendidos nos EUA no México, e outras montadoras já estão avaliando alternativas.
A Mazda, por exemplo, considera expandir sua produção no Alabama ou importar mais veículos do Japão, embora essas soluções não compensem totalmente o impacto das tarifas.
O aumento dos preços ocorre em um momento em que os americanos já estão lidando com custos de propriedade de veículos em alta devido ao aumento das taxas de juros e ao impacto da inflação.
Mais consumidores estão optando por veículos menores e mais baratos, o que só aumenta a dependência de carros fabricados no México.
Rob Matthews, presidente do Matthews Auto Group, relatou que a acessibilidade se tornou uma prioridade para seus clientes. “As pessoas estão mais preocupadas com o preço do que com o tamanho ou o espaço do carro”, afirmou.
Quer receber todas as nossas notícias em tempo real?Acesse nossos exclusivos: Canal do Whatsapp e Canal do Telegram!