
A startup britânica Wayve afirma ter conseguido adaptar sua tecnologia de direção automatizada para rodovias americanas em poucas semanas, um avanço que pode ajudar montadoras tradicionais a competir com gigantes como Tesla e BYD.
Segundo a empresa, seus modelos de inteligência artificial precisaram de apenas 500 horas de dados coletados em estradas dos Estados Unidos para alcançar um nível de competência próximo ao que levaram anos para atingir no Reino Unido.
Esse volume de dados foi reunido em um período de oito semanas, um tempo muito menor do que o gasto por empresas como a Waymo, que basearam seu desenvolvimento em milhões de milhas rodadas ao longo de anos.
Embora promissora, a tecnologia da Wayve ainda está longe da comercialização.
O CEO Alex Kendall prevê que sua implementação em veículos de produção ocorra entre 2027 e 2029, mas o rápido processo de adaptação reforça o potencial do sistema para ser implantado em novas regiões de forma acelerada.
Esse diferencial foi um dos fatores que atraíram investidores como Nvidia, Microsoft e SoftBank, que contribuíram para um aporte de 1 bilhão de dólares na Wayve no ano passado.
Inicialmente, a empresa pretende disponibilizar seu software para recursos de assistência ao motorista, avançando gradualmente para níveis mais sofisticados de automação.
O segredo dessa rápida adaptação está no uso de modelos de inteligência artificial de ponta a ponta, um conceito que vem gerando debates na indústria.
Diferente dos sistemas tradicionais, que utilizam camadas de código humano para interpretar dados e tomar decisões, os modelos de IA da Wayve analisam grandes volumes de informação e geram comandos de direção sem a necessidade de ajustes intermediários.
Essa abordagem representa o que Kendall chama de “AV 2.0”, uma nova fase do desenvolvimento de veículos autônomos.
No entanto, especialistas do setor, como Sterling Anderson, ex-líder do programa Autopilot da Tesla e atual chefe de produto da Aurora, expressam preocupação com a segurança desse tipo de sistema.
Segundo ele, a ideia de inteligência artificial de ponta a ponta parece impressionante, mas não é necessariamente uma solução confiável para direção autônoma.
Kendall discorda dessas críticas e argumenta que os avanços da IA nos últimos dois anos fizeram com que o ceticismo se transformasse em confiança. Ele acredita que essa evolução permitiu que a Wayve passasse de um projeto experimental para um software pronto para produção.
A crescente aposta em inteligência artificial no setor automotivo tem sido impulsionada por players como Tesla e BYD.
A empresa chinesa revelou recentemente seu sistema “God’s Eye”, prometendo incluir diferentes versões da tecnologia como item de série em todos os seus novos veículos. Isso representa uma ameaça para fabricantes que esperam lucrar com assinaturas de software para direção automatizada.
A Wayve vê sua tecnologia como uma forma de ajudar as montadoras ocidentais a permanecerem competitivas frente ao avanço das empresas chinesas.
A startup britânica expandiu suas operações para os Estados Unidos em outubro e, em março, inaugurou um centro de testes na Alemanha, onde sua IA teve um desempenho três vezes melhor do que na fase inicial de testes nos EUA.
Kendall acredita que esse progresso acelerado demonstra o potencial da empresa para adaptar rapidamente sua tecnologia a novos mercados.
Com uma base de aprendizado flexível e escalável, a Wayve pretende oferecer uma solução eficiente para montadoras que buscam acompanhar o ritmo das gigantes chinesas e da Tesla no desenvolvimento de direção automatizada.

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