Um mistério inusitado tomou conta do Aeroporto de Berlim-Brandemburgo (BER): um Volkswagen Golf cinza está estacionado há mais de um ano na área de embarque do estacionamento de curta duração, acumulando uma dívida absurda de pelo menos 201.480 euros em taxas de permanência.
O veículo, com placas de Hannover, parece ter sido esquecido, e nenhuma autoridade parece disposta a resolver o caso.
O carro encontra-se no segundo corredor do estacionamento, com um pedaço de fita de barreira preso ao limpador traseiro e alguns papéis presos sob os limpadores dianteiros.
No interior, a cena sugere uma viagem interrompida: uma embalagem aberta de chocolate Ritter Sport e uma garrafa de água meio cheia no banco do passageiro.
O detalhe mais curioso é o display central do carro, que está completamente estilhaçado, como se alguém tivesse socado com raiva antes de abandonar o veículo.
Aos poucos, o carro foi se tornando uma espécie de marco no aeroporto. Passageiros frequentes já o reconhecem e se perguntam por que ele ainda está ali. Afinal, o estacionamento de curta duração do BER é tudo, menos barato: a primeira hora custa 23 euros, e uma diária chega a 552 euros.
O fato do Golf ter permanecido ali por mais de um ano gerou um débito astronômico, mas a pergunta que ninguém responde é: quem vai pagar essa conta?
Se a ideia inicial era que o carro tivesse sido roubado e abandonado após o criminoso fugir de avião, essa hipótese não parece ter despertado o interesse das autoridades.
A administração do aeroporto lavou as mãos e afirmou que a responsabilidade é da empresa que gerencia o estacionamento, a APCOA Deutschland GmbH, com sede em Stuttgart.
Quando questionada sobre o destino do veículo, a empresa respondeu por meio de um consultor de relações públicas terceirizado, afirmando estar “em contato próximo com o proprietário do estacionamento e com as autoridades competentes”, sem dar mais detalhes.
A polícia de Hannover, por sua vez, se esquivou de dar informações sobre o veículo, alegando que qualquer detalhe sobre sua possível condição de roubo deveria ser checado com a polícia de Berlim ou com a polícia federal.
Já a polícia federal, responsável pela segurança interna do aeroporto, afirmou que a jurisdição do caso pertence à polícia estadual de Brandemburgo.
E a polícia de Brandemburgo, sediada a mais de 100 quilômetros de distância, alegou que a responsabilidade não é deles, mas sim do órgão de fiscalização municipal de Schönefeld, cidade onde fica o BER.
O resultado desse jogo de empurra-empurra é que o Golf cinza segue parado, esquecido e acumulando mais taxas a cada dia. A administração municipal de Schönefeld confirmou que está ciente do carro, mas ressaltou que, como ele não está em uma via pública, sua remoção cabe ao aeroporto ou à empresa de estacionamento.
Quando questionada se pretende cobrar os mais de 200 mil euros em taxas, a APCOA respondeu que isso dependerá da identificação do dono e de sua capacidade financeira para quitar a dívida.
Enquanto isso, o estacionamento segue registrando cada minuto adicional na conta de um proprietário que ninguém sabe quem é ou onde está. Quem diria que um simples Golf abandonado poderia se tornar um dos mistérios mais caros da Alemanha?
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