Precisamos de uma mudança urgente: Bancos em couro são superestimados, e muitos, como eu, preferem bancos em tecido

Cortes de custo não são algo atrativo. Montadoras nunca divulgam comunicados à imprensa dizendo que “a nova versão do nosso carro foi propositalmente piorada para economizar dinheiro, enquanto cobramos mais por ela.

Mas sustentabilidade vende. Pelo menos é nisso que as fabricantes acreditam.

Ao invés de dizer que “substituímos o couro por vinil porque é mais barato de produzir”, o discurso adotado é “o novo modelo conta com revestimento SensacionalMagic vegano, feito a partir de garrafas recicladas, porque alguém precisa pensar nas vacas”.

A substituição do couro pode sempre ser uma oportunidade para designers explorarem novas ideias e tornarem os interiores mais criativos.

Ao andar, recentemente, por alguns dias em um Renault Kardian básico, e depois em um Jeep Renegade Sport Altitude, ambos com bancos em tecido, ficou fácil relembrar como que este tipo de revestimento é mais interessante.

Já por muito tempo, o couro tem sido tratado como um item de luxo nos carros, um símbolo de sofisticação e status. No entanto, a realidade é que os bancos de couro são superestimados e, em muitos casos, menos práticos e confortáveis do que os revestimentos de tecido.

Embora sejam vendidos como um diferencial premium, na prática, o couro apresenta diversas desvantagens que acabam comprometendo a experiência do motorista e dos passageiros.

Um dos maiores problemas do couro é a sua temperatura. No inverno, ele se torna extremamente frio, tornando necessário o uso de bancos aquecidos para garantir conforto.

No verão, por outro lado, o material esquenta ao ponto de ser desconfortável, especialmente em regiões de clima bem quente, o que engloba 90% do território brasileiro.

Quem nunca queimou as pernas ao entrar, com shorts, em um carro com bancos em couro que ficou estacionado debaixo de um sol de rachar por várias horas?

Já o tecido tem a vantagem de ser termicamente mais equilibrado, proporcionando um conforto imediato, independentemente da estação do ano.

Outro fator importante é a aderência. O couro pode ser escorregadio, o que compromete o encaixe do corpo no banco, principalmente em curvas mais acentuadas. Os bancos de tecido, por outro lado, oferecem uma fixação muito melhor.

A manutenção também é um ponto a ser considerado. Embora o couro seja fácil de limpar, ele exige cuidados constantes para evitar rachaduras e ressecamento, além de precisar de produtos específicos para a hidratação do material.

O tecido, por sua vez, pode ser aspirado e higienizado com mais facilidade, sem a necessidade de tratamentos especiais.

Além de todas essas questões, há o fator sustentabilidade, pregado por muitas pessoas hoje em dia.

Muitos fabricantes estão substituindo o couro por tecidos reciclados ou misturas de lã, que não apenas oferecem maior conforto, mas também representam uma alternativa mais ecológica.

Ainda assim, algumas marcas demonstram vontade de fazer diferente. Um dos exemplos mais notáveis é a Volvo, que há alguns anos oferece, pelo menos lá na Europa, uma opção de tecido misto de lã em alguns modelos, sem cobrar mais por isso do que pelo couro.

Esse revestimento esteve presente no XC40 há algum tempo e a experiência foi extremamente positiva.

Os bancos da Volvo já são conhecidos pelo conforto, e a combinação com um tecido natural que permite ventilação e maior aderência torna o ambiente ainda mais agradável.

Além disso, não se trata de um material tingido de preto, algo que quebra um pouco a monotonia dos interiores escuros que dominam os carros modernos.

Assim, os bancos de tecido continuam sendo uma escolha inteligente, prática e confortável para quem realmente prioriza a experiência ao dirigir.

Não seria interessante ver pelo menos algumas montadoras oferecendo ambas as opções, couro e tecido, mesmo em seus modelos top de linha?