A desaceleração na adoção de veículos elétricos na Europa e nos Estados Unidos, somada à queda acentuada nas vendas na China, está forçando a Porsche a reavaliar sua meta de alcançar 80% das vendas globais com EVs até 2030.
Segundo informações da Automobilwoche, essas mudanças estão impactando os planos de modelos futuros da montadora.
A Porsche enfrenta dificuldades significativas para eletrificar os modelos 718 Boxster e 718 Cayman. O atraso no projeto ocorre devido a problemas com as baterias e o desafio de replicar o comportamento dinâmico dos motores a combustão de médio porte em uma configuração elétrica.
A parceria com a Valmet Automotive, fornecedora de baterias que montou uma fábrica na Alemanha para atender exclusivamente à demanda da Porsche, tem sido marcada por atritos.
A Valmet exige compensação pelos ajustes constantes solicitados pela montadora, mas a Porsche reluta em pagar integralmente por essas mudanças. O lançamento das versões elétricas dos esportivos, que deveria substituir as variantes a combustão no próximo verão europeu, agora é incerto.
Com a desaceleração nas vendas de EVs, a Porsche está reconsiderando o uso prolongado de plataformas a combustão.
A plataforma atual do SUV Cayenne, que inicialmente receberia apenas ajustes mínimos, pode ser renovada para prolongar sua vida útil. A versão elétrica do modelo, prevista para 2026, também pode ser adiada.
Há ainda rumores sobre o futuro do Panamera, que poderia ganhar um sucessor movido a combustão após 2030, indo na contramão das previsões anteriores.
O projeto do SUV K1, que seria lançado em 2027 como um modelo elétrico de sete lugares posicionado acima do Cayenne, também pode sofrer alterações.
A Porsche agora estuda a viabilidade de equipar o modelo com motor a combustão, especialmente para atender aos mercados dos EUA e China, que enfrentam maior resistência à eletrificação.
O K1 estava inicialmente planejado para utilizar a plataforma elétrica exclusiva do Grupo Volkswagen, mas a adaptação para a plataforma a combustão do Cayenne passou a ser considerada.
As dificuldades com os EVs já impactam a produção do Taycan, que teve queda de 52% nas vendas na Europa nos primeiros dez meses de 2024. Além disso, a Porsche vendeu apenas 6.377 unidades do Macan elétrico no continente.
Na China, as vendas gerais da marca caíram 29% nos primeiros nove meses do ano, um impacto atribuído à guerra de preços no mercado local e à crescente concorrência dos fabricantes chineses.
Segundo Lutz Meschke, CFO da Porsche, modelos chineses elétricos, oferecidos por cerca de €30 mil, competem diretamente com os carros premium a combustão da marca, que custam entre €70 mil e €80 mil.
Analistas alertam que o retrocesso na eletrificação pode prejudicar marcas como a Porsche, especialmente no mercado chinês, que dita o ritmo da evolução dos veículos premium globalmente.
A perda de competitividade no segmento de EVs na China pode ter efeitos similares nos mercados europeus e norte-americanos no futuro.
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