Ao decidir comprar um carro novo em Cádiz, na Espanha, Elena Aragon, de 24 anos, analisou marcas como Fiat e Peugeot, da Stellantis, mas acabou escolhendo um Hyundai i20.
A razão? Modelos básicos de Stellantis não atendiam suas expectativas, e os mais avançados eram caros demais.
“Consegui um desconto e paguei 17 mil euros“, disse Elena, destacando que as opções acessíveis da Stellantis estão desaparecendo do mercado, afastando consumidores impactados pela inflação.
Esse cenário reflete problemas mais amplos enfrentados pela Stellantis sob a liderança de Carlos Tavares, que renunciou recentemente ao cargo de CEO.
Embora tenha impulsionado margens de lucro operacionais a 13% em 2022, quase o dobro das de rivais como Volkswagen e Renault, sua estratégia de elevar preços e cortar custos gerou queda de vendas na Europa e nos Estados Unidos.
Desde 2020, a Stellantis perdeu mais de 5% de participação no mercado europeu, enquanto marcas como Renault e Dacia mantiveram suas posições.
Dados da JATO Dynamics mostram que o preço médio dos veículos Stellantis nos 14 maiores países da zona do euro chegou a 40 mil euros em 2023, muito acima da média de concorrentes como Renault e Mitsubishi.
Modelos que antes simbolizavam acessibilidade, como o Fiat 500, agora são vendidos por cerca de 29 mil euros em sua versão elétrica.
Em contraste, marcas asiáticas como Hyundai, Toyota e BYD estão ganhando espaço com preços mais competitivos. A BYD, por exemplo, representa cerca de 5% das vendas europeias atualmente e pode atingir 12% até 2030.
Concessionários Stellantis relatam que muitos consumidores estão migrando para outras marcas, especialmente as chinesas, em busca de custo-benefício.
Com 14 marcas globais, a Stellantis enfrenta dificuldades para diferenciar seus produtos. Fiat e Citroën competem no segmento econômico, enquanto Jeep e Alfa Romeo disputam o mercado premium.
Essa sobreposição, somada à falta de modelos acessíveis, prejudica a competitividade da empresa.
Para tentar reverter o quadro, a Stellantis planeja lançar 20 novos modelos em diversos segmentos nos próximos meses. Entre eles está o Citroën C3, que terá uma versão elétrica a partir de 23 mil euros e uma de motor a combustão por menos de 15 mil euros.
A meta é atingir 20% de participação no mercado europeu, mas especialistas acreditam que ajustes nos preços e foco no consumidor serão essenciais.
Enquanto isso, consumidores como Elena Aragon continuam a optar por marcas que oferecem tecnologia e preços competitivos, reforçando a necessidade de Stellantis se adaptar às novas realidades de mercado para recuperar seu espaço.
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