Por dentro do colapso da fusão de US$ 60 bilhões entre Nissan e Honda, que acabou por causa do orgulho da Nissan

avaliacao na nissan versa sr vermelho (6)
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A Nissan esteve perto de fechar um acordo bilionário com a Honda no final de 2024, mas as negociações para a fusão entre as duas montadoras japonesas desmoronaram em pouco mais de um mês.

O motivo? Uma combinação de orgulho, lentidão na tomada de decisões e a recusa da Nissan em aceitar que sua posição no mercado estava enfraquecida.

Segundo fontes próximas ao assunto, a Nissan entrou nas negociações exigindo tratamento quase igual ao da Honda, mesmo estando em uma posição significativamente mais fraca.

Além disso, a empresa resistiu a cortes mais profundos na sua capacidade produtiva e na sua força de trabalho, um ponto que se tornou um grande impasse. A Honda, por sua vez, pressionava por uma reestruturação mais agressiva, incluindo o fechamento de fábricas, algo que a Nissan se recusou a considerar.

avaliacao nissan frontier attack (3)
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O ponto final das negociações veio quando a Honda alterou os termos da proposta e sugeriu que a Nissan se tornasse uma subsidiária, um movimento que foi visto dentro da Nissan como um insulto.

A montadora, que já foi a segunda maior do Japão atrás apenas da Toyota, ficou indignada com a ideia de perder sua independência para uma rival .

A crise da Nissan se aprofundou após anos de gestão conturbada e queda nas vendas, principalmente por subestimar a demanda por híbridos nos Estados Unidos. Em novembro de 2024, a empresa surpreendeu investidores ao reduzir sua previsão de lucro em 70%, culpando a desaceleração dos mercados chinês e americano.

Para tentar recuperar o fôlego, anunciou um plano de reestruturação que incluía o corte de 9.000 empregos e a redução de 20% da capacidade global. Para analistas, no entanto, as medidas foram insuficientes e tardias.

Outro fator que pesou contra a fusão foi a relutância da Nissan em fechar fábricas. O temor da empresa era que o fechamento de unidades levasse a uma desvalorização contábil de seus ativos, impactando os resultados financeiros.

nissan sentra exclusive avaliacao 6

Algumas plantas, como as de Smyrna (EUA), Aguascalientes (México) e Sunderland (Reino Unido), foram consideradas intocáveis pela montadora, pois são estratégicas para sua transição para veículos elétricos.

As tensões se agravaram em janeiro, quando um alto executivo da Nissan foi a Kyushu anunciar a construção de uma fábrica de baterias que criaria 500 empregos.

No discurso, ele garantiu que a Nissan não reduziria a capacidade produtiva da unidade já existente na região, contrariando a posição da Honda, que insistia na necessidade de cortes.

Um dia depois desse anúncio, a Honda comunicou à Nissan que qualquer fusão só aconteceria se a empresa aceitasse se tornar uma subsidiária.

A resposta dentro da Nissan foi de total indignação. Para a Renault, principal acionista da montadora japonesa, a proposta da Honda era vista como uma aquisição disfarçada e sem qualquer compensação financeira para os acionistas.

nissan kicks advance 1
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Em um comunicado, a Renault afirmou que “defenderia vigorosamente” seus interesses.

Sem a fusão com a Honda, a Nissan agora busca novos parceiros. Uma das possibilidades é a Foxconn, gigante taiwanesa que fabrica iPhones e que já manifestou interesse em colaborar com a montadora japonesa.

Diferente da Honda, a Foxconn não teria interesse em adquirir a Nissan, mas sim em utilizar sua marca para expandir sua presença no setor automotivo.

Ainda não está claro qual será o futuro da Nissan. Com o mercado cada vez mais competitivo e ameaças como as tarifas sobre importações do México que podem prejudicar suas vendas nos EUA, a montadora enfrenta um momento decisivo.

Para especialistas, o grande problema da Nissan não é apenas a crise atual, mas a falta de uma visão realista sobre sua posição na indústria e o que realmente precisa ser feito para garantir sua sobrevivência.


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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.