Os altos preços dos carros e as elevadas taxas de juros estão levando mais americanos a reconsiderar suas escolhas na hora de comprar veículos.
A tendência de priorizar veículos maiores e espaçosos, que dominou o mercado nos últimos anos, está sendo substituída por uma busca crescente por modelos menores e mais acessíveis.
Por anos, SUVs e picapes grandes foram os queridinhos do público, ao ponto de algumas montadoras abandonarem completamente os sedãs e carros compactos devido à baixa demanda.
Agora, a maré parece estar mudando. Dados da Motor Intelligence, publicados pelo jornal The Wall Street Journal, mostram que as vendas de modelos como o Honda Civic e o Nissan Sentra cresceram mais de 23% até novembro deste ano, superando em larga escala o crescimento modesto da indústria, que tem registrado apenas pequenos avanços em vendas totais.
Por outro lado, veículos maiores estão começando a perder fôlego.
As vendas de picapes grandes caíram 1,9% em 2024, segundo o site de pesquisa automotiva Edmunds, e os SUVs médios, muito procurados por famílias, registraram uma queda de 2,3%.
Essa reviravolta é, em grande parte, uma resposta ao aumento dos custos de manutenção e aquisição de veículos. O preço médio de um carro novo ultrapassou US$ 45 mil em novembro, de acordo com a J.D. Power.
Além disso, os consumidores enfrentam prêmios de seguro mais altos, custos de manutenção crescentes e taxas de financiamento elevadas. Esses fatores estão pressionando o orçamento das famílias americanas.
Diante dessa realidade, muitos compradores estão dispostos a abrir mão do espaço interno dos veículos em troca de um pagamento mensal mais acessível.
“Eles precisam de um veículo funcional, mas em um tamanho que caiba no orçamento”, disse Charles Chesbrough, economista sênior da Cox Automotive.
Esse movimento tem beneficiado especialmente marcas asiáticas como Honda, Toyota e Mazda, que continuaram a investir em modelos compactos, enquanto rivais abandonaram esse segmento.
Modelos como o Mazda3 e o Honda HR-V registraram aumentos significativos nas vendas, reforçando o interesse renovado por veículos compactos. Segundo a Edmunds, a participação de mercado dos carros pequenos nos EUA subiu 16% até novembro, revertendo o declínio observado nos últimos anos.
Além dos sedãs, os SUVs compactos e subcompactos também ganharam força, com um aumento de 11,5% nas vendas no mesmo período.
Esses veículos, que oferecem uma posição de condução mais elevada e utilidade em um formato compacto, agora representam 27% das vendas totais no mercado americano, um aumento significativo em relação aos 22% registrados antes da pandemia.
Enquanto os SUVs grandes continuam a vender bem, os analistas acreditam que isso se deve ao fato de muitas famílias precisarem de veículos espaçosos e não poderem abrir mão da capacidade de transporte.
No entanto, para consumidores mais sensíveis ao preço, as opções menores estão se mostrando uma escolha muito mais atraente.
Ainda assim, encontrar carros realmente baratos tem se tornado cada vez mais difícil. Segundo a Edmunds, o número de veículos com preço inicial abaixo de US$ 25 mil caiu de 45 modelos em 2019 para apenas 11 este ano.
Isso reflete uma mudança nas estratégias das montadoras, que preferem lançar SUVs menores e mais acessíveis do que investir em carros compactos tradicionais.
A General Motors, por exemplo, descontinuou quase todos os sedãs da marca Chevrolet nos EUA, mas encontrou grande sucesso com o SUV subcompacto Chevrolet Trax, cujo preço inicial gira em torno de US$ 20 mil.
As vendas do modelo aumentaram quase 89% até novembro, destacando a demanda por opções econômicas e práticas. Segundo Steven Majoros, chefe de marketing da Chevrolet, o Trax conquistou os consumidores ao oferecer recursos tecnológicos avançados e telas grandes a um preço acessível.
Apesar do sucesso de alguns modelos, muitos concessionários ainda enfrentam dificuldades para atrair consumidores sensíveis ao preço.
Adam Lee, presidente da rede Lee Auto Malls no Maine, observou que caminhonetes e SUVs grandes estão ficando mais tempo nos estoques, enquanto os clientes pedem opções mais baratas.
“Infelizmente, as montadoras cortaram os modelos mais econômicos de seus catálogos”, lamentou Lee. “Elas agem como um rebanho de ovelhas, todas seguindo a mesma direção até o precipício.”
O futuro do mercado automotivo nos EUA dependerá da capacidade das montadoras de equilibrar suas ofertas, atendendo tanto os consumidores que buscam SUVs grandes e luxuosos quanto aqueles que precisam de opções mais acessíveis e práticas em um cenário econômico desafiador.
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