O novo carro-chefe da McLaren, o W1, foi lançado em 2024 com mais do que o dobro da potência do icônico F1 de 1992, mas com uma velocidade máxima menor. Ele também não é mais rápido que o P1. O que aconteceu?
A empresa explicou que, durante o desenvolvimento, o foco foi mais na experiência de direção do que em números absolutos.
O W1 é movido por um motor V8 biturbo de 4.0 litros, combinado com um motor elétrico, resultando em uma potência total de 1.275 cavalos e 128 kgfm de torque.
Esses números fazem dele um dos carros mais potentes do mercado, e com um peso de cerca de 1.400 kg, ele é relativamente leve para um hipercarro híbrido.
Para comparação, o Ferrari F80, sucessor do LaFerrari, tem um sistema híbrido de 1.184 cv e pesa 1.525 quilos.
Apesar da impressionante relação peso-potência, a velocidade máxima do W1 é limitada eletronicamente a 349 km/h. O P1, último hipercarro da McLaren, pesava 1.380 quilos, tinha 903 cv e atingia a mesma velocidade.
Já o F1, com apenas 1.130 quilos, um motor V12 de 6.1 litros e 618 cv, chegava a 386 km/h.
Parece que a McLaren não evoluiu muito na construção de carros de alta velocidade nos últimos anos, mas a marca explicou que a velocidade máxima simplesmente não foi prioridade no W1.
Em vez disso, a ideia foi criar um carro que fosse divertido tanto nas pistas quanto nas ruas.
“Velocidade máxima absoluta—o famoso ‘Top Trumps’—não é um número que estamos buscando com esse carro”, disse Alex Gibson, diretor da linha de veículos W1, em entrevista à Autocar.
Top Trumps é um jogo de cartas em que vence quem tem a carta com o maior valor em determinada categoria, igual ao nosso Super Trunfo. Curiosamente, uma edição temática do jogo incluiu o McLaren F1 e errou várias de suas especificações.
Gibson explicou que fabricar um carro capaz de atingir 400 ou ou 450 km/h exige ceder em áreas que a McLaren considerou desnecessárias. Um exemplo citado foram os pneus de laterais extremamente rígidas, que ajudam a alcançar velocidades mais altas, mas tornam o carro desconfortável no uso diário.
E, apesar da potência absurda, a maioria dos donos do W1 provavelmente passará mais tempo dirigindo em vias públicas do que em pistas de corrida.
E se o W1 não tivesse essa limitação de velocidade? A resposta é: não faria tanta diferença.
“Ele poderia passar um pouco além dos 350 km/h”, disse Marcus Waite, chefe de desempenho da McLaren, à Autocar. Ele explicou que o limitador foi ajustado nessa velocidade para manter um equilíbrio adequado no carro.
“Ele tem muitos papéis a desempenhar: ser um carro que acelera mais rápido que um Speedtail e que é mais rápido em pista do que um Senna. Precisávamos encontrar um ponto de equilíbrio onde ele se encaixasse bem”, concluiu.
No lugar da busca por recordes de velocidade, a McLaren focou no envolvimento do motorista, um fator muito mais difícil de quantificar. Isso explica por que, ao contrário do Ferrari F80, o W1 tem tração apenas traseira.
A marca argumenta que a tração integral adiciona peso desnecessário e compromete a sensibilidade da direção.
Waite também destacou que, se o W1 tivesse um eixo dianteiro mecânico ou um motor elétrico na frente, não seria possível equipá-lo com um sistema de direção hidráulica, e parece que a opção por direção elétrica foi descartada logo de cara.
No fim das contas, o W1 pode não ser o carro mais rápido que a McLaren já fez, mas a marca garante que ele será um dos mais emocionantes ao volante.
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