A exportação ilegal de automóveis roubados dos Estados Unidos está se tornando um problema crescente, especialmente em grandes portos como o de Baltimore.
Enquanto a maioria das pessoas encontra agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) ao entrar ou sair do país, poucos sabem que esses agentes também têm a tarefa de fiscalizar bens que saem do território americano.
Entre essas mercadorias estão carros roubados, que frequentemente acabam em contêineres rumo a mercados internacionais, especialmente na África Ocidental.
De acordo com Adam Rottman, diretor do CBP no Porto de Baltimore, cerca de 90% a 95% dos carros roubados que a agência intercepta têm como destino países dessa região.
Contudo, a missão de inspecionar cada contêiner é quase impossível devido à quantidade limitada de recursos e à velocidade com que os criminosos agem.
O modus operandi é engenhoso: veículos roubados ou adquiridos com identidades falsas são rapidamente colocados em contêineres, frequentemente disfarçados de bens domésticos.
Em um caso recente, agentes descobriram três carros dentro de um único contêiner que, segundo a documentação, deveria conter apenas utensílios domésticos.
Um Ford Raptor avaliado em US$ 75 mil foi encontrado com outros veículos roubados e até caixas de ferramentas novas, todos a caminho da África Ocidental.
Alex Piquero, professor de criminologia da Universidade de Miami, explica que o esquema é global. Embora a África seja o destino mais comum, carros roubados também são enviados para o Oriente Médio e Ásia.
Muitos desses veículos são comprados por consumidores que não têm conhecimento de sua origem criminosa, mas que podem estar colocando suas famílias em risco, já que muitos desses automóveis sofreram acidentes e têm falhas graves, como airbags defeituosos.
O aumento do roubo de carros nos EUA, especialmente desde 2020, é impulsionado por vários fatores, incluindo a pandemia de coronavírus e vídeos nas redes sociais que mostram como modelos populares podem ser facilmente roubados.
Criminosos chegam a alugar veículos por 30 dias, colar um número de identificação falso no painel e enviá-los ao exterior antes que a locadora perceba o golpe.
Apesar de a CBP utilizar tecnologias avançadas, como caminhões móveis de raio-X, para inspecionar contêineres, o número crescente de roubos desafia as capacidades da agência.
Além disso, a corrupção em alguns países africanos dificulta a recuperação de veículos roubados, embora organizações como a Interpol estejam trabalhando para interceptá-los antes de chegarem ao mercado.
Adquirir carros roubados não é apenas um risco à segurança, mas também uma questão moral.
Ao comprar um veículo de origem ilícita, consumidores inadvertidamente financiam organizações criminosas transnacionais, que muitas vezes estão envolvidas em tráfico humano, contrabando de drogas e até terrorismo.
Com a alta demanda por carros usados e a falta de escrutínio na compra desses veículos em várias partes do mundo, é improvável que o tráfico global de carros roubados desacelere em breve.
Enquanto isso, o CBP continua sua luta diária nos portos americanos, tentando interceptar o que pode ser apenas uma fração de um esquema internacional lucrativo e perigoso.
Quer receber todas as nossas notícias em tempo real?
Acesse nossos exclusivos: Canal do Whatsapp e Canal do Telegram!