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Elon Musk sempre apostou alto na ideia de veículos autônomos e, mais uma vez, promete lançar uma frota de robotáxis da Tesla ainda este ano.
No entanto, enquanto a empresa avança para colocar carros sem motoristas nas ruas, um pequeno detalhe pode ter passado despercebido: a equipe federal encarregada de regular essa tecnologia foi cortada quase pela metade.
Segundo fontes do Washington Post, os cortes fazem parte de uma redução de 10% no quadro de funcionários da Administração Nacional de Segurança no Tráfego Rodoviário (NHTSA), agência responsável por fiscalizar a segurança nas estradas dos Estados Unidos.
Ao todo, entre 70 e 80 funcionários foram dispensados, divididos entre demissões de funcionários em período probatório e programas de desligamento voluntário.
Entre os afetados estão engenheiros especializados em testes de colisão, pesquisadores de segurança no trânsito e, claro, reguladores que supervisionavam os avanços dos carros autônomos.
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“Foi muito chocante sair de um dia salvando vidas para, no outro, ser bloqueado do meu próprio computador”, relatou um dos funcionários demitidos, sob anonimato.
A equipe dedicada à segurança dos veículos autônomos já era pequena, com cerca de sete integrantes, e perdeu três deles nos cortes recentes. Embora os funcionários não acreditem que foram demitidos exclusivamente por regularem carros autônomos, o impacto no setor é evidente.
Se a pergunta é se isso afetará a capacidade do governo de entender a segurança dos veículos da Tesla, a resposta é sim”, disse um engenheiro dispensado. “O número de pessoas no governo que compreendem essa tecnologia já era pequeno. Agora, é quase inexistente.”
A NHTSA já vinha investigando a Tesla por falhas em seus sistemas de assistência ao motorista, como o Autopilot e o Full Self-Driving. Em dezembro de 2023, a agência forçou a montadora a fazer um recall de 2 milhões de veículos devido a riscos de segurança.
Além disso, a Tesla continua sendo monitorada por acidentes fatais envolvendo sua tecnologia. Mas, com menos reguladores disponíveis para supervisionar a empresa, a dúvida que fica é se essas investigações continuarão sendo conduzidas com o mesmo rigor.
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Curiosamente, os cortes na NHTSA ocorrem em um momento em que Musk tem papel influente dentro do governo Trump.
Sua equipe, a chamada “Department of Government Efficiency” (DOGE), tem liderado uma série de cortes em agências federais, incluindo a NHTSA e a Administração Federal de Aviação (FAA), que na semana passada demitiu 400 funcionários probatórios.
A administração Trump vem argumentando que os cortes não comprometerão a segurança e que o objetivo é criar um “arcabouço regulatório” que facilite a introdução de veículos autônomos no mercado.
No entanto, críticos apontam que o enfraquecimento da fiscalização pode abrir brechas para que empresas como a Tesla testem tecnologias potencialmente perigosas sem o devido controle.
Além da Tesla, empresas como Waymo (da Alphabet) e Zoox (da Amazon) também possuem interesse direto nas decisões da NHTSA sobre veículos autônomos.
Entretanto, enquanto o mercado se movimenta para expandir a presença dessa tecnologia, a agência que deveria garantir que ela seja segura para os consumidores parece estar encolhendo cada vez mais.
Para Musk, o futuro do transporte passa por veículos sem motorista operando de forma autônoma em cidades ao redor do mundo. Mas será que esse futuro chegará com segurança?
Com o corte de funcionários especializados e uma regulação cada vez mais fragilizada, a dúvida persiste. No final das contas, o avanço dos robotáxis da Tesla pode acabar dependendo menos da qualidade da tecnologia e mais da ausência de fiscalização.
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