Descontos em carros novos são sempre atraentes, especialmente quando as concessionárias oferecem promoções que parecem impossíveis de ignorar.
No entanto, nem toda pechincha vale a pena, como prova o caso do Toyota Mirai, que está sendo vendido com até 70% de desconto nos Estados Unidos.
Apesar do preço tentador, o maior problema desse sedan não é o desconto, mas sim o combustível que ele usa: hidrogênio.
O Toyota Mirai de segunda geração, lançado em 2021, é um sedan elegante com preço-base de US$ 51.285, incluindo a taxa de frete de US$ 1.095.
Mas seu grande diferencial — e também sua maior fraqueza — é o sistema de propulsão movido a célula de combustível de hidrogênio.
A pergunta óbvia é: onde abastecer? A resposta não é animadora. Nos Estados Unidos, há apenas 54 postos de abastecimento de hidrogênio, sendo 53 na Califórnia e um no Havaí.
Mesmo na Califórnia, onde a infraestrutura é mais avançada, o Mirai não atraiu consumidores. Em 2024, a Toyota vendeu apenas 499 unidades do modelo em todo o país, uma queda impressionante de 81,9% em relação ao ano anterior.
Como resultado, a marca está desesperada para limpar os estoques, oferecendo descontos massivos para os poucos dispostos a lidar com os desafios de possuir um carro movido a hidrogênio.
Em concessionárias do sul da Califórnia, o Mirai XLE pode ser adquirido por apenas US$ 16.285 após um desconto de US$ 35.000, enquanto o modelo Limited cai de US$ 68.210 para US$ 25.210 com US$ 43.000 de abatimento.
Além disso, a Toyota oferece financiamento com 0% de juros por 72 meses e um crédito de US$ 15.000 em combustível de hidrogênio. Parece um sonho, certo?
Mas o problema não para na falta de infraestrutura. Mesmo com o bônus de US$ 15.000 em combustível, o custo para manter o Mirai rodando é astronômico.
O preço do hidrogênio é consideravelmente mais alto do que combustíveis convencionais, tornando o uso diário extremamente caro. Além disso, a escassez de postos significa que você pode acabar gastando tempo e dinheiro apenas para encontrar um lugar para abastecer.
Embora o hidrogênio tenha potencial como combustível do futuro, a falta de infraestrutura e o custo elevado fazem com que ele esteja longe de ser uma solução prática para a maioria dos motoristas.
Mesmo com incentivos agressivos, o Mirai continua sendo um produto que não atrai. A Toyota basicamente está “pagando” para que consumidores levem o carro para casa, e isso por si só é um indicador claro da falta de interesse pelo modelo.
Se a ideia de um carro com 70% de desconto parece irresistível, é importante lembrar que o custo oculto do combustível e a inconveniência do abastecimento podem transformar o que parece um ótimo negócio em um enorme arrependimento.
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