A Scout Motors, subsidiária do Grupo Volkswagen, está em meio a uma disputa com associações de concessionárias devido à sua decisão de adotar um modelo de vendas direto ao consumidor (DTC) para seus veículos elétricos.
Embora os SUVs e picapes elétricos da marca, como o Traveler e o Terra, só comecem a chegar ao mercado em 2027, o embate jurídico já está em andamento, com cartas de advertência e ameaças de ações legais.
A controvérsia começou quando a Associação de Concessionárias de Carros Novos da Califórnia (CNCDA) enviou uma carta de cessar e desistir à Scout em dezembro, argumentando que o modelo DTC infringe as leis estaduais.
Segundo a CNCDA, como a Scout é parte do Grupo VW, que já possui uma extensa rede de concessionárias, a venda direta ao consumidor configuraria uma competição desleal com as franquias existentes.
Empresas como Tesla, Rivian e Lucid, que adotaram vendas diretas, conseguiram contornar essa questão porque não possuem laços com montadoras tradicionais e, portanto, não enfrentaram as mesmas restrições legais.
No entanto, a CNCDA afirma que a Scout, sendo parte do grupo Volkswagen, não pode reivindicar essa independência.
A Scout Motors, no entanto, rebateu essas acusações de forma contundente, através de uma carta bem direta, mandando as concessionárias tirarem o seu cavalinho da chuva (se você não sabe, veja aqui o que essa expressão significa).
Neil Sitron, conselheiro-geral da empresa, respondeu em 17 de janeiro dizendo que a CNCDA está “errada”.
Sitron argumentou que a Scout opera de maneira totalmente independente da Volkswagen Group of America (VWGoA), que sua fábrica na Carolina do Sul não foi financiada pela VWGoA, e que as concessionárias da VW não têm qualquer direito sobre os veículos da Scout.
Em sua carta, Sitron afirmou que a Scout Motors não permitirá intimidações e que está preparada para se defender vigorosamente contra qualquer ação legal. Ele enfatizou que a Scout não será distribuída por concessionárias da Volkswagen nem na Califórnia nem em nenhum outro estado.
A CNCDA não recuou. Em uma resposta no mesmo dia, o presidente da associação, Brian Maas, declarou que a posição inicial da CNCDA permanece inalterada e que a associação está pronta para agir, se necessário.
Representando mais de 1.300 concessionárias no estado, a CNCDA é uma força significativa na indústria automotiva, apoiada por grupos como a Associação Nacional de Concessionárias de Automóveis (NADA), que também criticou a abordagem da Scout.
A NADA, em particular, expressou frustração com montadoras que pretendem adotar vendas diretas, incluindo não apenas a VW/Scout, mas também a Honda, que planeja vender seu futuro Afeela 1 EV em parceria com a Sony via DTC.
O presidente da NADA, Gary Gilchrist, declarou que tais práticas são “inaceitáveis, claramente ilegais e serão desafiadas em tribunais e legislaturas em todo o país”.
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