Montadoras da Europa estão aumentando o preço dos carros a combustão e dando desconto nos elétricos, para não serem multadas em 2025

bmw carro eletrico ev
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Fabricantes europeus de automóveis estão aumentando os preços dos carros a combustão e preparando descontos para veículos elétricos em uma tentativa de se adaptarem às novas e rígidas regras de emissões de CO₂, que prometem pressionar ainda mais as margens de lucro do setor.

A partir de 1º de janeiro, a União Europeia reduzirá drasticamente o limite de emissões de carbono, exigindo que pelo menos 20% das vendas das montadoras sejam de EVs para evitar multas pesadas.

Atualmente, apenas 13% dos carros vendidos na região são elétricos, conforme dados da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA).

A discrepância é alarmante, segundo Marc Mortureux, diretor da associação francesa PFA, especialmente porque a indústria já enfrenta baixa demanda, excesso de capacidade e competição acirrada de fabricantes chineses.

Grandes montadoras como Volkswagen, Stellantis e Renault têm sofrido perdas e emitido alertas financeiros nos últimos meses.

Para contornar as penalidades, estimadas em até 15 bilhões de euros com base nos níveis de vendas atuais, as empresas estão adotando estratégias agressivas. Muitas estão elevando os preços dos carros a combustão em algumas centenas de euros, ao mesmo tempo em que reduzem os valores dos EVs para atrair mais consumidores.

Na França, por exemplo, a Peugeot aumentou em até 500 euros os preços de todas as versões de seus modelos, exceto os elétricos. A Renault, por sua vez, subiu o preço do Clio com motor a gasolina em 300 euros, mas manteve os valores das versões híbridas.

Além disso, as montadoras têm apostado em parcerias para “compartilhar” créditos de emissões. Fabricantes com uma alta proporção de EVs, como a Volvo, têm fechado acordos com empresas que enfrentam dificuldades para cumprir as metas.

A japonesa Suzuki, por exemplo, firmou recentemente uma parceria com a Volvo para o próximo ano, minimizando riscos de multas.

Por outro lado, a nova abordagem traz riscos significativos. Embora o aumento dos preços dos carros a combustão possa ajudar a equilibrar os custos e a tornar os EVs mais atraentes, ele também pode resultar em quedas de produção, prejudicando fornecedores e toda a cadeia de valor.

Além disso, as margens já estreitas das montadoras podem ser ainda mais pressionadas com descontos para impulsionar as vendas de elétricos.

Fabricantes como a Volkswagen já começaram a cortar preços de modelos elétricos, como o ID.3, que caiu para menos de 30 mil euros na Alemanha.

Analistas acreditam que essa estratégia deve continuar no próximo ano, com projeções indicando um aumento de 41% nas vendas de EVs na Europa até 2025, alcançando 3,1 milhões de unidades.

O setor segue pressionando por uma flexibilização das metas de emissões, com líderes da indústria alertando sobre os riscos financeiros. Luc Chatel, presidente da PFA, destacou recentemente a insustentabilidade da situação: “Não consigo vender EVs suficientes e sou penalizado pelos carros a combustão. O que esperam que eu fabrique, carroças?”


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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.