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A Ford foi condenada a pagar mais de 2,5 bilhões de dólares à família de um casal que morreu em um capotamento envolvendo uma picape Super Duty, tornando-se o maior veredicto da história da Geórgia.
Esse não é o primeiro revés judicial da montadora no estado: há poucos anos, a empresa já havia recebido a segunda maior sentença da história local, também relacionada a falhas nos tetos das caminhonetes F-Series.
O acidente fa tal ocorreu em 22 de agosto de 2022, no condado de Decatur. Herman Mills, de 74 anos, e sua esposa Debra Mills, de 64, estavam a bordo de uma Ford F-250 Super Duty 2015 quando o veículo bateu em uma calçada de drenagem, voou cerca de 25 metros, atingiu o solo e capotou.
Segundo a acusação, o teto da picape se dobrou para dentro, esmagando o casal.
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Os filhos do casal processaram a Ford, alegando que os tetos dos modelos Super Duty fabricados entre 1999 e 2016 são indiscutivelmente mais fracos do que os do modelo F-150.
A defesa da montadora tentou argumentar que a deformação do teto não foi a causa da morte dos ocupantes e chegou a alegar que Debra Mills teria sofrido um ataque cardíaco antes do acidente, o que teria provocado a colisão.
A estratégia da Ford não convenceu o júri, que atribuiu 85% da culpa à montadora e os outros 15% a Debra Mills. O resultado foi um veredicto dividido em duas fases: 30,5 milhões de dólares em danos compensatórios na quinta-feira e 2,5 bilhões de dólares em danos punitivos na sexta-feira.
Esse caso acontece apenas alguns anos depois de outro julgamento milionário contra a Ford na Geórgia. Em 2022, um júri do condado de Gwinnett condenou a montadora a pagar 1,7 bilhão de dólares à família de um casal mor to em um capotamento semelhante com uma F-250 2002.
O advogado James E. Butler, que representou ambas as famílias, afirmou que a Ford sabia dos riscos dos tetos fracos há 26 anos, mas nunca alertou os consumidores ou tomou medidas para reforçar a segurança.
A sentença histórica contra a Ford chega em um momento em que o governador da Geórgia, Brian Kemp, pressiona por uma reforma do sistema legal do estado, com propostas que incluem a redução dos valores das indenizações determinadas por júris e limitações em determinados tipos de processos.
A ideia de Kemp é frear o que ele considera um excesso de processos e indenizações gigantescas nos últimos anos.
Apesar das condenações, a Ford ainda não pagou nenhuma das indenizações relacionadas a esses casos e já anunciou que irá recorrer da decisão. A montadora alega que o valor do veredicto é excessivamente alto e não condiz com as provas apresentadas.
Além disso, a empresa lembra que em outros processos semelhantes, os jurados concluíram que os tetos das caminhonetes Super Duty não eram defeituosos.
O caso levanta questões sobre segurança automotiva e responsabilidade das montadoras. Enquanto a Ford tenta reverter a decisão nos tribunais, as famílias das vítimas aguardam por uma indenização que pode levar anos para ser paga – se for paga.
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