Carlos Ghosn, ex-presidente da Nissan, não poupou palavras ao comentar sobre os rumores de que a montadora estaria buscando um acordo com a Honda.
Para Ghosn, a possível fusão ou parceria representa um movimento de “pânico” por parte da Nissan, que tem enfrentado dificuldades financeiras e estratégicas nos últimos anos.
Durante uma entrevista à Bloomberg Television, Ghosn afirmou que as sinergias entre as duas empresas são difíceis de encontrar. “É um movimento desesperado. Não há lógica industrial nesse acordo. Ambas operam nos mesmos mercados e com produtos e marcas similares,” disse o ex-executivo.
Honda confirmou esta semana estar considerando várias possibilidades, incluindo fusão, parceria de capital ou até a criação de uma holding com a Nissan.
Porém, Ghosn acredita que a proposta tem mais a ver com pressão externa do Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão (METI) do que com objetivos estratégicos claros.
“Eles estão tentando combinar os problemas de curto prazo da Nissan com a visão de longo prazo da Honda, mas isso não faz sentido do ponto de vista industrial,” acrescentou.
Outra empresa que demonstrou interesse na Nissan foi a Foxconn, fabricante de eletrônicos sediada em Taiwan e conhecida pela montagem de iPhones.
No entanto, segundo a Bloomberg, a empresa colocou sua possível aquisição em espera. Para Ghosn, a ideia de um gigante como a Foxconn adquirir uma montadora faz sentido.
“Em vez de investir para criar seu próprio carro elétrico, comprar uma montadora pronta é uma abordagem pragmática,” comentou, apontando que outros grandes nomes do setor tecnológico podem seguir o mesmo caminho.
Ghosn, que fugiu do Japão para o Líbano em 2018 enquanto aguardava julgamento por acusações de má conduta financeira, continua em disputas legais com a Nissan.
A montadora alega que ele subnotificou sua renda e desviou ativos da empresa para uso pessoal, acusações que Ghosn nega veementemente. Ele, por sua vez, acusa a Nissan de destruir sua reputação e finanças.
Apesar de estar afastado da indústria, Ghosn permanece atento ao mercado automotivo, especialmente no Japão.
Para ele, a situação da Nissan reflete escolhas equivocadas feitas após sua saída. “Controlar e priorizar desempenho são escolhas difíceis, mas a Nissan parece estar sacrificando ambas,” concluiu.
Com a fusão com a Honda ainda em discussão, o futuro das duas montadoras continua incerto. Enquanto isso, as críticas de Ghosn acendem o debate sobre os desafios de curto e longo prazo enfrentados pelas gigantes automotivas japonesas.
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