O CEO da Ford, Jim Farley, fez uma declaração impactante sobre o avanço da China na indústria de veículos elétricos, deixando claro que os Estados Unidos estão pelo menos dez anos atrás dos chineses na tecnologia de baterias para EVs.
Para ele, essa disparidade coloca as montadoras americanas em uma posição de grande desvantagem no mercado global, onde a eletrificação dos veículos é cada vez mais dominante.
Segundo Farley, comentando em entrevista ao The New York Times, a China não apenas domina a produção de baterias para EVs, mas também está na vanguarda da criação de um ecossistema digital completo para os carros do futuro.
Isso inclui baterias de alta eficiência, carregamento ultrarrápido, integração com inteligência artificial e uma abordagem centrada na experiência do usuário.
Ele destacou que as montadoras americanas, incluindo a Ford, estão enfrentando dificuldades para competir de igual para igual porque a indústria chinesa recebeu investimentos maciços e contínuos do governo, permitindo que suas empresas avançassem rapidamente.
Para tentar reduzir essa diferença tecnológica, a Ford está investindo bilhões de dólares na construção de novas fábricas dedicadas à produção de baterias e veículos elétricos nos Estados Unidos.
Um dos principais projetos é a BlueOval Battery Park em Marshall, Michigan, um complexo de 1,8 milhão de metros quadrados que produzirá baterias de lítio-ferro-fosfato (LFP) a partir de 2026.
No entanto, Farley admitiu que a tecnologia por trás dessas baterias foi licenciada da gigante chinesa CATL, pois nenhuma fabricante americana atualmente consegue igualar a eficiência e o desempenho dos produtos chineses.
Além da fábrica de Michigan, a Ford também está prestes a começar a contratação para sua unidade em BlueOval City, no Tennessee, um investimento de US$ 5,6 bilhões que incluirá uma planta de fabricação de baterias, um complexo para montagem de veículos elétricos e até um centro educacional focado em treinar novos profissionais para trabalhar na indústria de EVs.
Essas iniciativas fazem parte da estratégia da Ford para tentar se tornar competitiva no segmento elétrico, mas Farley sabe que, sem políticas governamentais consistentes e uma infraestrutura robusta para suportar o crescimento dos EVs, os Estados Unidos continuarão atrás da China.
A falta de infraestrutura de recarga é um dos pontos críticos que afetam o avanço dos veículos elétricos no mercado americano.
Apesar dos incentivos do governo Biden para expandir a rede de carregadores, o progresso tem sido lento, o que impacta diretamente a adoção dos EVs por consumidores que ainda têm receios sobre a conveniência do carregamento.
Farley também alertou que a constante mudança de políticas nos EUA, impulsionada por disputas políticas e mudanças de governo, está prejudicando a capacidade da indústria de planejar investimentos a longo prazo.
Enquanto a China segue uma estratégia contínua e bem estruturada, garantindo que suas montadoras tenham os recursos necessários para dominar o mercado global de veículos elétricos, os Estados Unidos enfrentam um cenário de incerteza.
Farley ressaltou que, há 25 anos, a situação era exatamente o oposto: naquela época, as montadoras chinesas dependiam de transferência de tecnologia das fabricantes americanas para desenvolver seus próprios veículos.
Hoje, a realidade se inverteu, e as montadoras dos EUA precisam da tecnologia chinesa para se manterem relevantes no segmento de EVs.
Para o CEO da Ford, a solução não está apenas em mais investimentos privados, mas também em uma abordagem mais pragmática por parte do governo americano.
Ele acredita que os EUA precisam de uma estratégia industrial mais clara e de incentivos que garantam a competitividade das montadoras locais contra o avanço chinês.
Além disso, é essencial que haja um esforço conjunto para desenvolver uma cadeia de suprimentos mais independente, reduzindo a dependência dos Estados Unidos da China para tecnologias fundamentais, como baterias e semicondutores.
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