Honda e Nissan estão em negociações para combinar operações em um movimento que pode dividir o mercado automotivo japonês e fortalecer sua competitividade no cenário global.
De acordo com um relatório da Kyodo News, a Honda expressou interesse em adquirir a participação de 35,7% que a Renault detém na Nissan, avaliada em cerca de 557 bilhões de ienes (US$ 3,6 bilhões).
A Honda teme que a participação da Renault na Nissan possa ser adquirida por terceiros, especialmente empresas estrangeiras, durante as negociações para consolidar as operações das duas montadoras japonesas.
Uma aquisição por entidades como a taiwanesa Hon Hai Precision Industry (Foxconn), que já manifestou interesse na Nissan, seria indesejável para o governo japonês, preocupado com a perda de influência nacional sobre a fabricante.
A Nissan enfrenta uma situação financeira preocupante, o que torna a parceria com a Honda ainda mais atraente.
Sua capitalização de mercado caiu para aproximadamente 1,56 trilhões de ienes, cerca de US$ 10 bilhões, e suas reservas de caixa e equivalentes somam cerca de 1,52 trilhões de ienes, também perto dos US$ 10 bilhões.
Além disso, a empresa reduziu drasticamente suas previsões de receita e lucro para o ano fiscal, prevendo uma queda de 70% no lucro operacional e praticamente nenhum crescimento nas receitas.
Para conter a crise, a Nissan anunciou a demissão de 9.000 trabalhadores e a redução de 20% de sua capacidade de produção. Em meio a esses desafios, adquirir a participação da Renault seria financeiramente inviável para a montadora sem apoio externo.
A Renault mantém uma aliança estratégica com a Nissan desde 1999, à qual a Mitsubishi Motors se juntou em 2016. Essa parceria permitiu um compartilhamento de tecnologias e plataformas, mas a relação entre Renault e Nissan tem sido tensa nos últimos anos.
A possível venda da participação da Renault pode marcar uma nova etapa nessa parceria.
A aliança entre Honda e Nissan reflete a crescente consolidação na indústria automotiva global, pressionada pela competição de gigantes como Tesla e BYD no mercado de veículos elétricos.
As duas montadoras planejam anunciar um modelo de fusão até o final deste mês, com a criação de uma holding separada para gerenciar as operações das duas empresas até agosto de 2026.
Se concretizada, a fusão entre Honda e Nissan representará uma mudança significativa no mercado automotivo japonês, dividindo-o entre dois grandes grupos: Toyota e Subaru de um lado, e Honda e Nissan do outro.
Essa consolidação pode ajudar as empresas a competir em escala global, mas também levanta questões sobre como integrar operações, preservar identidades de marca e atender às demandas crescentes do mercado de EVs.
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