As gigantes japonesas Honda e Nissan estão se preparando para iniciar negociações de uma possível fusão em meio à crescente concorrência no mercado global de veículos elétricos, segundo informações do jornal Nikkei.
A medida surge como uma resposta à pressão exercida por fabricantes como Tesla e montadoras chinesas, que têm dominado a corrida pela eletrificação automotiva.
Ambas as montadoras vêm fortalecendo sua colaboração nos últimos meses, principalmente diante de um cenário global marcado por margens reduzidas e desafios no desenvolvimento de EVs.
Além disso, a demanda enfraquecida nos mercados da Europa e dos Estados Unidos e a crescente participação de empresas chinesas, como a BYD, têm forçado as tradicionais fabricantes a repensarem suas estratégias.
Em comunicados idênticos divulgados nesta terça-feira, Honda e Nissan negaram ter anunciado qualquer fusão, mas confirmaram que estão explorando possibilidades de colaboração, aproveitando os pontos fortes de cada companhia.
As duas empresas prometeram manter stakeholders informados no momento apropriado. A Renault, maior acionista da Nissan, também afirmou não ter informações sobre as supostas negociações.
O cenário de mercado tem sido desafiador. Em 2023, as duas montadoras somaram vendas globais de 7,4 milhões de veículos, mas estão perdendo espaço na China, mercado que concentrou cerca de 70% das vendas globais de EVs em novembro, com 1,27 milhão de unidades vendidas no mês.
BYD e outros fabricantes chineses têm liderado a transição energética na região, pressionando concorrentes tradicionais.
A possível fusão entre Honda e Nissan seria a maior do setor automotivo desde a união entre Fiat Chrysler e PSA, que deu origem à Stellantis em 2021.
Atualmente, a Honda tem uma capitalização de mercado de aproximadamente 5,95 trilhões de ienes (38,8 bilhões de dólares), enquanto a Nissan vale cerca de 1,17 trilhão de ienes (7,6 bilhões de dólares).
Jessica Caldwell, analista da Edmunds, destacou que a fusão parece uma necessidade diante do cenário atual. Segundo ela, é cada vez mais difícil para montadoras menores competirem globalmente, especialmente com a ascensão de novos fabricantes chineses.
A integração entre as duas empresas poderia ajudar a reduzir custos e acelerar o desenvolvimento de tecnologias.
As pressões externas também se intensificaram nos mercados ocidentais. Nos Estados Unidos, General Motors e Ford estão reavaliando seus investimentos em veículos elétricos devido aos custos elevados e à infraestrutura de carregamento inadequada.
Enquanto isso, na Europa, a Volkswagen está lidando com negociações tensas com sindicatos para cortar custos e evitar o fechamento de fábricas, enquanto enfrenta a concorrência dos fabricantes chineses.
O cenário político também pode complicar o processo. O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, já ameaçou impor tarifas de até 25% sobre veículos importados, o que pode afetar diretamente qualquer fusão entre Honda e Nissan.
Durante seu primeiro mandato, Trump chegou a ameaçar tarifas específicas sobre automóveis japoneses, uma preocupação que pode voltar à tona.
Além da possível fusão, há rumores de que a Mitsubishi Motors, na qual a Nissan detém uma participação de 24%, poderia ser integrada à nova holding. A Mitsubishi, no entanto, não comentou o assunto até o momento.
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