O governo brasileiro suspendeu a emissão de vistos temporários para trabalhadores da BYD, gigante chinesa de veículos elétricos, após denúncias graves de condições de trabalho análogas à escravidão envolvendo 163 trabalhadores chineses no canteiro de obras de uma fábrica da empresa no estado da Bahia.
As acusações incluem tráfico de pessoas, aumentando a pressão sobre a empresa e seu contratante, Jinjiang Group, que nega qualquer irregularidade.
Os trabalhadores foram encontrados por autoridades brasileiras em condições precárias no local de construção da fábrica, que representa um investimento de 620 milhões de dólares da BYD.
A Procuradoria do Trabalho classificou o caso como tráfico humano e indicou que os trabalhadores chegaram ao Brasil com vistos temporários de trabalho. Se as irregularidades forem confirmadas, o Ministério da Justiça poderá revogar as autorizações de residência concedidas aos trabalhadores.
O contratante Jinjiang Group afirmou, em uma publicação nas redes sociais, que as acusações são baseadas em “mal-entendidos” devido a problemas de tradução, negando que os trabalhadores estivessem em condições análogas à escravidão.
Apesar disso, a empresa e a BYD concordaram em abrigar os trabalhadores em hotéis até que seus contratos sejam rescindidos, segundo comunicado da Procuradoria do Trabalho.
Com previsão de iniciar a produção em 2025 e uma capacidade anual inicial de 150 mil veículos, a unidade da BYD na Bahia é estratégica para a expansão da empresa na América Latina.
O Brasil é o maior mercado externo da BYD, com cerca de 20% das vendas internacionais da empresa concentradas no país nos primeiros 11 meses de 2024. A suspensão de vistos temporários pode complicar os planos de expansão da empresa no Brasil, além de manchar sua reputação internacional.
A decisão do governo brasileiro de bloquear os vistos ocorreu antes mesmo das descobertas públicas sobre as condições dos trabalhadores. O Ministério da Justiça havia solicitado a suspensão em 20 de dezembro, e o pedido foi encaminhado à embaixada brasileira em Pequim, segundo fontes oficiais.
Se as investigações confirmarem as irregularidades, a BYD pode enfrentar sanções severas, incluindo multas e restrições adicionais para operar no país.
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