Carlos Tavares, CEO da Stellantis, anunciou sua renúncia imediata neste domingo, em um momento marcado por queda nos lucros e desempenho fraco nas vendas na América do Norte, uma das regiões mais importantes para o grupo automotivo.

Tavares, peça-chave na criação da Stellantis em 2021 com a fusão entre Fiat Chrysler Automobiles e Peugeot SA, deixa a empresa após desentendimentos recentes com o conselho.

Henri de Castries, diretor independente sênior da Stellantis, afirmou que o sucesso da empresa foi construído com base em um alinhamento entre acionistas, diretoria e o CEO. No entanto, “nas últimas semanas, visões diferentes emergiram, resultando na decisão de hoje”, disse ele em comunicado.

Sob a liderança de Tavares, de 66 anos, a Stellantis alcançou resultados expressivos, incluindo um lucro recorde de €18,6 bilhões (cerca de US$ 19,7 bilhões) em 2023.

Contudo, o cenário mudou em 2024, com lucros em queda e dificuldades em competir no mercado norte-americano, onde rivais aplicaram descontos agressivos e incentivos de vendas que a Stellantis demorou a acompanhar.

Com estoques crescendo nas concessionárias e vendas em baixa, a empresa emitiu um alerta em outubro indicando que os lucros operacionais poderiam cair para 7% das vendas, bem abaixo da previsão anterior de mais de 10%.

Enquanto a busca por um sucessor está em andamento, o comando da Stellantis será assumido por um comitê executivo liderado por John Elkann, presidente do conselho da empresa.

Tavares já havia sinalizado que planejava se aposentar ao final de seu contrato, em 2026, mas os desentendimentos recentes aceleraram sua saída.

A Stellantis, uma das maiores montadoras globais, é proprietária de marcas icônicas como Chrysler, Jeep, Dodge, Fiat, Peugeot, Maserati e Opel.

O futuro da empresa agora dependerá de sua capacidade de reestruturar suas operações nos EUA e encontrar uma liderança que possa enfrentar os desafios impostos por um mercado automotivo cada vez mais competitivo.