
Os carros estão cada vez mais conectados, mas os consumidores não estão exatamente animados com isso—especialmente quando envolve assinaturas pagas.
Um novo estudo da Smartcar revelou que a grande maioria dos motoristas simplesmente ignora os serviços por assinatura oferecidos pelas montadoras, seja por falta de interesse, desconhecimento ou, principalmente, pelo alto custo.
De acordo com o relatório, até 2030, 96% dos novos veículos serão conectados, equipados com Wi-Fi integrado e acesso a serviços digitais.
Isso representa um terreno fértil para a indústria automobilística explorar novas formas de receita por meio de assinaturas.

No entanto, a pesquisa, realizada com mais de 1.000 motoristas nos EUA e na Europa, revelou que 76% dos entrevistados não assinam nenhum serviço da montadora.
Entre os que assinam, a divisão é equilibrada: 49% pagam por isso, enquanto 51% utilizam versões gratuitas.
Se há um lado positivo para as montadoras, é que apenas 11% dos entrevistados disseram ter zero interesse em qualquer tipo de assinatura.
No entanto, 50% afirmaram que estariam dispostos a tentar o serviço—mas apenas se o custo fosse reduzido.
O problema está justamente na relação entre custo e valor. Os consumidores reagem mal quando fabricantes cobram por recursos que antes eram gratuitos ou já estavam embutidos no preço das versões mais caras dos veículos.

Exemplos disso não faltam: a BMW tentou (e desistiu) de cobrar assinatura para os bancos aquecidos após forte repercussão negativa.
A Audi removeu a função de sincronização do ar-condicionado, forçando os motoristas a ajustarem manualmente a temperatura de cada lado do carro.
A Mazda enfrentou críticas nos fóruns de proprietários ao transformar o sistema de partida remota de gratuito para pago.
Mesmo assim, a GM aposta alto nesse modelo, acreditando que os consumidores desembolsarão até US$ 135 por mês em suas assinaturas.
Enquanto isso, algumas montadoras demonstram mais empatia com os consumidores. Anders Bell, CTO da Volvo, afirmou que a indústria precisa “pegar leve” com as assinaturas.
“Eu teria dificuldade em pagar para desbloquear um hardware que já sei que está instalado no carro”, disse Bell ao The Drive.
Segundo ele, o setor precisará desenvolver modelos de negócios mais aceitáveis sem depender exclusivamente da venda de software para lucrar.
Para aqueles que já pagam por assinaturas automotivas, 74% estão satisfeitos com os valores, segundo o estudo.
No entanto, 61% acreditam que os serviços oferecidos deveriam incluir mais recursos pelo preço já pago. Além disso, 67% disseram que estariam dispostos a pagar mais se as assinaturas trouxessem funcionalidades realmente úteis.
Entre os serviços mais valorizados estão assistência de emergência, manutenção do veículo e navegação.
Já a chave virtual do carro, tão promovida pelas montadoras, ficou em último lugar na lista de prioridades dos consumidores.
O estudo não detalha as respostas por marca ou modelo, algo que poderia oferecer uma visão mais clara sobre quais públicos aceitam melhor as assinaturas.
Motoristas de carros de luxo ou de versões mais caras provavelmente têm mais disposição (e dinheiro) para testar essas ofertas.
Já no caso de veículos populares, como o Nissan Versa, que tem Wi-Fi disponível na versão topo de linha por cerca de US$ 22 mil, a demanda por esses serviços tende a ser bem menor.
No fim das contas, o problema não é a tecnologia em si, mas a percepção de valor.
Com a fadiga de assinaturas e o orçamento cada vez mais apertado, os consumidores querem que cada centavo gasto valha a pena.
E, ao que tudo indica, as montadoras ainda precisam entender melhor esse equilíbrio antes de insistirem em transformar cada recurso do carro em um serviço pago.

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