Um mês após o lançamento do controverso projeto de rebranding da Jaguar, batizado de Panthera, a montadora britânica enfrenta turbulências tanto fora quanto dentro da empresa.
Com uma campanha inicial que destacava pessoas com roupas coloridas, em vez de carros, a tentativa de reposicionar a marca como sinônimo de “luxo moderno” gerou indignação entre críticos, público e até mesmo entre os próprios funcionários da empresa, segundo publicado pela Autocar India.
Um ponto crítico no rebranding é a decisão de terceirizar o projeto para a consultoria Accenture Interactive, que anteriormente adquiriu a agência interna da Jaguar Land Rover, Spark44.
A escolha causou grande insatisfação na equipe de design da Jaguar, que enviou uma carta ao chefe de design criativo, Gerry McGovern, expressando frustração com a falta de envolvimento no processo.
O documento, assinado por cerca de 25 a 30 membros da equipe, critica o novo logotipo e a identidade gráfica, que eles consideram desconectados da narrativa de “luxo moderno”.
Trechos da carta revelam a frustração: “Sentimos que o logotipo se desconecta do produto e da identidade visual da Panthera. Ele parece genérico e não reflete a exuberância e a singularidade que deveriam ser nossas marcas registradas.”
Além disso, os designers afirmaram que o trabalho da equipe interna foi ignorado, prejudicando a autenticidade e a alma do projeto. Segundo eles, a abordagem colaborativa, essencial para criar uma identidade única, foi comprometida.
A campanha inicial de Panthera polarizou opiniões desde sua estreia. Na apresentação em Miami, os carros-conceito Type 00, com design angular e cores chamativas como “Miami Pink” e “London Blue”, dividiram opiniões.
Enquanto McGovern minimizou as críticas, afirmando que controvérsias são uma marca da criatividade britânica, a recepção da mídia e do público foi predominantemente negativa.
Em resposta às críticas, a Jaguar emitiu uma declaração que parece ter sido feita pelo ChatGPT, destacando a subjetividade no processo criativo: “Nosso objetivo é cultivar um ambiente que promova o crescimento das ideias criativas, reconhecendo que debates e desafios são partes naturais da transformação.”
Porém, esta não é a primeira vez que a Jaguar enfrenta dificuldades para se reinventar.
Na década de 2000, sua campanha “Gorgeous”, narrada por Willem Dafoe, também falhou em atrair um público mais jovem, gerando críticas por parecer antiquada. Hoje, o projeto Panthera enfrenta o risco de repetir os erros do passado.
Com críticas internas e externas se acumulando, o desafio para a Jaguar é transformar essa turbulência em uma oportunidade de realinhamento.
A marca, conhecida por sua rica história e carros icônicos, precisa equilibrar inovação com autenticidade, reconectando-se com seu público enquanto navega por uma indústria cada vez mais competitiva.
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