Já faz um bom tempo que o T-Cross 2025 chegou ao mercado brasileiro. Ele foi lançado em maio do ano passado, e desde então tem recebido boas avaliações da imprensa automotiva.
É claro que se o modelo é o campeão de vendas de seu segmento, o dos tão falados SUVs compactos, ele tem muitas qualidades.
Não só essas qualidades, como a atualização visual que ele recebeu na linha 2025, fizeram com que ele continuasse na ponta do seu nicho, com muita folga perante os concorrentes, que parecem nem mesmo fazer cócegas no desempenho do T-Cross.
Com 84.000 unidades vendidas em 2024, o T-Cross foi seguido pelo Chevrolet Tracker, que vendeu muito menos, em torno de 69.000 unidades.
Depois do Tracker vieram Creta, com 69.000 também, Kicks, com 60.000, Renegade, com 53.000 e HR-V, com 50.000 carros vendidos.
E tem sido assim por um bom tempo. Em 2023, o T-Cross também foi o campeão do segmento, com 72.000 unidades vendidas. Em 2022, ele não foi o campeão, mas ficou perto do Tracker, perdendo por 5.000 unidades.
Em 2021, ele perdeu para Renegade e Creta, mas em 2020 também foi o SUV compacto mais vendido do país.
E não é porque é campeão, que não tem nada de negativo.
Vamos falar um pouco sobre como o T-Cross Comfortline 2025 se comporta, como ele mudou em relação ao ano anterior, mas também vamos apontar alguns pontos que nos incomodaram bastante.
O preço é aquele Volkswagen que conhecemos
Por muito tempo, a Volks tem cobrado mais caro do que seus concorrentes no Brasil, pela fama que sua linha tem. E com o T-Cross Comfortline não é diferente.
Antes mesmo de adicionar alguns equipamentos que o nosso carro de testes tem, o preço do modelo é de salgadíssimos R$ 171.490, o que é muito alto para um SUV compacto com um mero motor 1.0 Turbo.
Adicione a cor Vermelho Sunset, do carro das fotos, e também os dois pacotes opcionais, chamados de Design View (R$ 3.190 por revestimento parcial em couro) e Sky View II (R$ 7.550 por teto solar panorâmico, retrovisor eletrocrômico e sensor de chuva), que o preço salta para R$ 183.980.
É claro que o T-Cross traz alguns bons diferenciais, incluindo o piloto automático adaptativo, mas mesmo no mundo dos preços automotivos fora da realidade em que vivemos, um carro desse deveria custar no máximo em torno de R$ 160.000.
Aliás, R$ 160.000 era o valor da versão Comfortline no lançamento da linha 2025, mas veja que apenas sete meses depois, já estamos falando de R$ 10.000 a mais.
Aula de espaço interno em um carro compacto
O T-Cross sempre deu show no espaço interno, o que deve ser um dos pontos decisivos no porque tantas famílias o levam para casa.
Tanto na frente, quanto atrás, o espaço é bem generoso para um modelo do segmento compacto, chegando até mesmo perto de alguns modelos de segmentos superiores.
O acabamento interno continua na linha da família Polo, com plástico pra tudo quanto é lado, mas pelo menos na linha 2025, o T-Cross amenizou um pouco este defeito.
Ficando mais destante do seu irmão hatch “popular”, o T-Cross tem agora um painel bem diferente, com uma faixa central em material brilhante, e a parte na frente do passageiro apresenta um revestimento emborrachado, embora as costuras ali sejam falsas.
As portas dianteiras agora tem uma parte revestida em tecido, mas o que achei meio sem sentido é que essa parte fica lá na frente da porta, bem distante do toque de quem vai ali.
Talvez a intenção tenha sido não sujar esse tecido no uso diário? Mas os plásticos continuam duros, e o acabamento não parece ser de um carro dessa faixa de preço.
Em termos de porta-objetos, o T-Cross também fica devendo, e muito.
Conjunto motriz exemplar, só que agora com respostas lentíssimas
Para poder encaixar o T-Cross nas novas regras de emissão de poluentes do Brasil, o chamado Proconve L8, a Volkswagen mexeu nas respostas do acelerador do T-Cross, e também nos outros modelos com o mesmo conjunto 200 TSI.
As regras são muito boas, é claro, pois aproximam o Brasil das regras em vigor lá na Europa, que sabemos ser um dos territórios mais rígidos neste sentido, atualmente.
Os limites de emissão de óxido de nitrogênio e monóxido de carbono foram reduzidos em cerca de 40%, caindo de 80 mg/km no Proconve L7, desde 2022, para 50 mg/km, um limite bem rígido.
Até aí, tudo bem, pois as regras foram impostas para jogar a indústria automotiva mais para o lado dos híbridos e elétricos, mas a Volkswagen deixou o uso do T-Cross muito ruim.
Tanto ao sair da imobilidade, como por exemplo, ao estar com o carro parado em um semáforo, quanto naquelas reduzidas de velocidade para dar uma olhada para os dois lados e entrar em uma rua ou avenida, a demora para o carro corresponder o que você fez no pedal do acelerador chega a passar de um segundo.
Achei bem estranho, e pensei estar relacionado ao modo de condução selecionado naquele momento, que tinha sido deixado no modo customizado pelo jornalista que testou o carro anteriormente.
Selecionei o modo Sport, para ver se resolvia o problema, mas não. A demora na resposta do acelerador continua a mesma, com a diferença que depois que o carro responde, ele fica mais esperto, por causa do modo Sport.
Mas não era bem isso que eu queria.
Conversando com uma pessoa que atualmente tem um Renegade 1.8, e que pretende o trocar por um Renegade 1.3T, citei o problema nas acelerações do T-Cross, e pedi para ela dar uma volta com o carro da avaliação.
O resultado foi que ela me disse que infelizmente, esse acelerador super lento a impediria de trocar o Renegade por um T-Cross, pelo menos esse da linha 2025. Quem sabe um 2024?
E não é apenas eu que acha isso. Veja o site Reclame Aqui, existem várias reclamações. O site da Auto Esporte também publicou algo sobre isso.
Se a questão for mesmo o Proconve L8, logo veremos os carros de todas as marcas com esse delay enorme nas acelerações. O que eu acho pouco provável.
Fora isso, o uso do T-Cross é muito gostoso de dirigir, e dá para notar porque a Volkswagen não fez mudanças na mecânica. Porque não precisa.
O desempenho é bom para a categoria dos SUVs 1.0 Turbo (não para aqueles com motores maiores), e as acelerações e retomadas ocorrem corretamente.
A suspensão é voltada mais para o conforto, sendo um carro confortável e também macio, mas por ser um Volkswagen, ele está muito longe de ser molenga, como acontece em outras marcas.
Consumo bom, embora não seja dos melhores
Em nosso período de testes, que foi mais longo do que o normal, graças ao período de fim e início de ano, marcamos 7,0 km/l com o etanol que foi fornecido no tanque, pela Volkswagen.
O tanque cheio até a boca serviu para rodarmos 277 quilômetros até a luz da reserva acender e a autonomia de 35 quilômetros indicar que era melhor abastecer um pouco.
Com certeza foi o modo Sport ativado o tempo todo que fez o consumo ser tão alto assim, já que de acordo com o Inmetro, o modelo alcança 8,2 km/l com etanol na cidade.
Só que, melhor do que ele, temos vários SUVs compactos, como Fastback 1.0 Turbo, com 8,4 km/l, Pulse 1.0 Turbo, com 8,4 km/l, HR-V aspirado, com 8,8 km/l, Kardian, com 9,0 km/l e Pulse 1.3, com 8,8 km/l.
Equipamentos interessantes para uma convivência tranquila
Apesar de ser muito caro para o que oferece, como comentamos acima, o T-Cross Comfortline tem um pacote legal de equipamentos.
O piloto automático adaptativo é um belo item de se ter, assim como o teto solar panorâmico, que não vem de série.
Os seis airbags são interessantes, apesar de ser padrão nesta faixa de preços. O ar-condicionado com comandos sensíveis ao toque não são nada práticos, e acabam confundindo o motorista em algumas ocasiões.
A central multimídia com tela ampla de 10,1 polegadas sempre teve conexões rápidas e constantes em nosso uso.
O que fica faltando é o ar-condicionado dual zone, freio de estacionamento eletrônico e auto hold.
Frenagem de emergência, quando não existe emergência
Outro ponto bastante desagradável que notei no uso do T-Cross é a frenagem de emergência.
Foram várias as ocasiões onde ela entrou em ação, mas eu estava muito longe de qualquer emergência.
Elas podem ser resumidas em duas: quando você sai de uma garagem que é uma descida, em direção à rua, e também quando vai estacionar, seja em um shopping center, hipermercado ou qualquer outra loja.
Em ambas as ocasiões, o sistema do carro acha que você está perto de bater em uma parede ou no carro da frente, e faz aquela frenagem mais histérica possível, dando um tranco tão forte, que se não fosse o cinto de segurança, você bateria com o rosto no volante.
Com a nova Chevrolet Spin, passamos por exatamente a mesma coisa, passando vergonha quando pessoas olham torto achando que freei daquele jeito sem querer, ou algo parecido.
Até coloco aqui uma foto que mostra o exato ponto onde o carro freou freneticamente, por causa daquelas peças de cimento ali no chão:
É muito ruim entrar rapidamente em uma vaga de estacionamento para ser surpreendido por uma frenagem quando se menos espera.
Primeiro, que a frenagem de emergência não deveria ser acionada por causa de um obstáculo tão baixo.
E segundo, que logo à frente, o que existia ali era um gramado, não tinha uma parede nem nada parecido.
É difícil errar comprando o T-Cross, mas lembre-se de fazer um test drive antes
Se não fosse essa questão do acelerador lento nas respostas, eu até lhe diria que é possível comprar o T-Cross de olhos fechados.
Mas devido a este detalhe específico, lhe aconselho a fazer um test-drive mais longo antes de bater o martelo.
A frenagem histérica de emergência também é bem ruim, mas se você não tiver que sair de garagens em descida, nem frequentar shoppings centers, pode ser que dê a sorte de não passar por nada disso.
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