A Ram Rampage é uma picape média que nasceu da Fiat Toro para ampliar o alcance da marca americana no mercado brasileiro, compartilhando uma plataforma monobloco e parte da mecânica.

Todavia, no portfólio, existe uma opção mais esportiva e com uma referência clássica, a Rampage R/T, que avaliamos recentemente. A “Road & Track” da picape da Stellantis está longe do icônico Charger R/T e igualmente de um V8 sob o capô.

De qualquer forma, a Rampage R/T não ficou apenas no nome, com a engenharia da Stellantis ajustando a coisa para ser diferente das versões Rebel e Laramie. Assim, os mesmos 272 cavalos do motor Hurricane 4 se comportam diferente nessa versão, que custa R$ 299.990.

Com preço seguro pelas rédeas da Stellantis, a Rampage R/T quer ser a opção para quem foca mais em performance e não tanto no fora de estrada, embora ela também possa ir aonde carros comuns sofreriam muito. Vale? Vejamos.

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Parece maior

A Rampage é uma picape que chama atenção por sua frente altamente inspirada nas irmãs maiores, obrigatoriamente grandes para satisfazer o desejo dos americanos. Aqui, a proposta é mais light, mas mesmo assim exibe elementos que a tornam visualmente maior.

Na versão R/T, detalhes escurecidos, como o logotipo da Ram, bem como a grade em preto brilhante reforçam a proposta de esportividade, enaltecida pelas faixas duplas em cinza-escuro e vermelho, bem como adesivos laterais “R/T” e apliques em vermelho no capô.

Atrás, destaque para as duas saídas de escape redondas, enquanto as rodas aro 19 ostentam um visual escurecido e esportivo, calçadas com pneus 235/55 R19, voltados para o asfalto. Retrovisores pretos e antena barbatana com teto preto completam o visual, que dispensa estribos e santantônio.

Dentro, a Ram Rampage R/T exibe um ambiente escurecido com detalhes em couro e Alcantara, inclusive no volante, mas na linha 2025, este item foi retirado em troca de couro. Os bancos personalizados com a sigla, são envolventes e possuem ajustes elétricos na frente.

O painel também tem o mesmo tratamento do volante, que vem com paddle shifts, contando com cluster digital de 10,3 polegadas e apresentação mediana, devido ao posicionamento dos mostradores quando sem informações adicionais.

Já a multimídia tem uma boa tela de 12,3 polegadas e a integração sem fio é ótima, com Android Auto e CarPlay, tendo ainda GPS nativo, Wi-Fi, câmera de ré, entre outros. O ar condicionado dual zone tem comandos fáceis.

Já o botão de alerta abaixo fica numa posição ruim, já que ao colocar o smartphone ou tirá-lo do carregador sem fio Ramcharger, pode-se acioná-lo e nem perceber sua ativação. O console é prático com freio de estacionamento eletrônico, comando de marchas, assistente de descida, hold e a tração integral com redução.

O elemento vazado sob o console ajuda a dar mais espaço para trechos e recarga de celular, assim como as portas apresentam bons porta-copos, como no centro, embora estes sejam recuados demais. Já o espaço da cabine é mediano como na Toro, mas o acabamento dos bancos em couro e Alcantara é bom.

O acesso sem estribos é ruim, então, este acessório não seria ruim. Já a caçamba de 980 litros tem capota marítima com pouquíssimo ingresso de água. A tampa da caçamba com amortecimento é leve.

Desempenho condizente

A Ram Rampage R/T certamente teria um V6 3.6 Pentastar se tivesse surgido há pelo menos uma década. Todavia, aqui só cabe o Hurricane 4, o 2.0 Turbo italiano (GME) que agora está também na Jeep, porém, numa calibração diferente em resposta com relação às demais versões da picape.

O propulsor, que chegou ao Brasil no Jeep Wrangler, tem 1.995 cm³, turbocompressor e injeção direta, bebendo apenas gasolina. Com 272 cavalos a 5.200 rpm e 40,8 kgfm a 3.000 rpm, o Hurricane 4 trabalha com a caixa automática ZF 9HP de nove marchas e tração integral sob demanda.

Com tudo isso, oficialmente ela vai de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos e com máxima de 220 km/h. No lançamento, andamos com ela em Interlagos, mas no dia a dia, seu comportamento é bem diferente, traduzindo-se numa picape de desempenho com certo nível de conforto.

O “certo” é que, como já dissemos, ela tem uma programação voltada para a esportividade, por isso, ao sair com a Rampage R/T, as marchas ficam mais presas e o giro facilmente chega a 3.000 rpm sem esforço. Não é um funcionamento suave como das versões Laramie e Rebel, já que a proposta é ter o GME sempre cheio.

Obviamente que, basta usar a velha prática da mudança de marchas no pé para se baixar os giros caso não seja essa a ideia, mas caso contrário, é só acelerar que o Hurricane 4 ficará sempre cheio, esperando retomadas entusiasmantes por ordem do motorista.

Mesmo com 1.917 kg, a Rampage R/T tem ótima saída e agilidade no trânsito, sempre respondendo bem ao pedal, mesmo sem uma condução assim tão esportiva. Assim, facilmente se chega perto dos 6.000 rpm, conferindo prazer ao se dirigir de modo mais agressivo.

O uso de paddle shifts ajuda a extrair mais do conjunto, embora a independência seja limitada devido à programação, afinal, são nove marchas numa calibração curta. Com a tração nas quatro rodas ajudando no desempenho, a R/T se mostra ideal para quem quer aproveitar o potencial desse motor.

Isso tudo até o botão R/T ser acionado, quando aí, sim, a real configuração da Ram se aplica, com giro subindo em média 1.500 rpm e o escape duplo soltando o ronco intercortado de um verdadeiro esportivo, dando um tom quase musical à função. Nesse modo, a Rampage R/T usa tudo o que estava escondido e a sensação é boa.

Viajamos com ela e seu comportamento é bom. Na estrada, a 110 km/h, ela fica pouco acima de 1.500 rpm e com um detalhe: a nona marcha só entra a partir de 120 km/h. Outro ponto é que, não importa se estiver a 90 ou 120 km/h, pode-se manter um giro baixo com o 2.0 Turbo.

Com sobra de marchas, a Rampage R/T simplesmente roda sem esforço, não recordando ser a versão esportiva da gama, conferindo conforto na estrada, com ultrapassagens fáceis e retomadas pontuais. Tendo bom nível de ruído a bordo, é na estrada que ela fica mais à vontade.

Na cidade, o motor é sempre cheio e por isso o consumo ficou em 8,5 km/l, enquanto na estrada, mais folgada, fez 14,8 km/l a 80 km/h, 13,3 km/l a 100 km/h e 12,6 km/l a 120 km/l. Com tanque de 55 litros, ela pode rodar em torno de 700 km, nada mal para uma picape de quase 2 toneladas movida por gasolina.

Tendo boa posição de dirigir, a Rampage R/T tem direção responsiva e freios bons, com discos nas quatro rodas. A suspensão, mesmo com uma proposta mais esportiva, não é tão firme quanto se imagina e isso dá ainda mais conforto, especialmente no fora de estrada.

Apresentando um comportamento de SUV, dada sua suspensão traseira multilink e o monobloco, a Rampage R/T é bem ágil e conta com boa estabilidade, vencendo facilmente grandes valetas e lombadas com sua altura elevada.

Mesmo com 5,028 m de comprimento e 2,994 m de entre eixos, se comporta bem em curvas, especialmente as fechadas, assim como estrada de chão ou ruas com pavimentos ruins. Na linha 2025, um recurso que não experimentamos é o assistente de centralização de faixa. Acredite, faz enorme falta na estrada.

Outro recurso que é preciso atenção é o farol (full LED) alto automático, que decidiu ativar bem próximo de uma viatura da PRF estacionada em perpendicular na Via Dutra. Desculpem, a culpa não foi nossa… Mas, fora isso, é um recurso importante à noite. Assistentes de faixa e ponto cego também são imprescindíveis.

Tem tudo dentro

A Ram Rampage R/T é a síntese do que a picape média da Stellantis oferece por aqui. Bem equipada, conta com recursos bons de conectividade e segurança, assim como acabamento condizente com sua missão, aqui mais esportiva.

No dia a dia, a falta de estribos foi sentida e, na questão estética, um santantônio personalizado seria legal também. Os faróis full LED iluminam bem à noite, a caçamba é espaçosa e só fica devendo mais em espaço interno.

Para cinco pessoas é apertada, mas quatro ainda vai… O som Harman Kardon e o pacote de LEDs internos são de série.

Custando R$ 299.990, a Ram Rampage R/T sai pelo preço de picapes médias de chassi e a diesel, mas é evidente que são propostas diferentes, já que esta é mais urbana e estradeira.

Nesse caso, os olhos se voltam para a importada Ford Maverick FX4, que custa bem menos: R$ 229.500. Esta não tem uma proposta tão esportiva, mas fica a dica para test drive nas duas.

No final das contas, vale a pena a Ram Rampage R/T? Se for apenas para ter uma pegada mais esportiva, sim. Mas, se o objetivo é ter essa cavalaria numa calibração mais mansa, então a Laramie seria melhor, especialmente para quem viaja muito.