Segundo modelo da família C-Cubed, o Novo Citroën C3 Aircross está no mercado com uma proposta interessante, oferecer mais espaço, bagageiro e desempenho por um preço mais competitivo.

Bom, sabemos bem que apenas isso não é necessário para poder de fato fazer sucesso, mas veremos como a versão de cinco lugares se comporta nessa Avaliação NA.

Compacto, o Novo Citroën C3 Aircross tem chega com a missão de ser o carro familiar do trio de nacionais do duplo Chevron, com versão de sete assentos também, sendo aí um rival direto da Chevrolet Spin.

A ideia deste SUV compacto é também de ser um carro acessível e, pelo menos no projeto, parece isso.

Equipado com motor 1.0 Turbo de até 130 cavalos e câmbio CVT, o Novo Citroën C3 Aircross propõe também não só desempenho, mas eficiência num conjunto elimina a opção do velho motor EC5M usado na geração anterior.

De baixo custo, o projeto não esconde arranjos simplificados para melhorar a margem, mas oferece o que muitos buscam, como já citado. Nesta versão, a Shine, que custa R$ 129.990.

Pouco equipada, essa versão topo de linha expõe a ideia do Novo Citroën C3 Aircross, mas será que vale a pena? Atributos possui, mas será que os deslizes compensam mesmo assim? Veremos a seguir.

Expressividade funcional

O Novo Citroën C3 Aircross chama atenção por sua sinergia com o Aircross europeu com sua frente expressiva e até certo ponto imponente, dadas as linhas que reforçam a ideia de robustez e segurança.

Clientes que procuram isso certamente gostarão, com um para-choque dotado de spoiler pronunciado e patamares ressaltados que ampliam a altura do frontal.

As luzes diurnas duplas destacam o conjunto ótico que, no entanto, possui faróis simples, um dos muitos resultados da redução de custos do Novo C3 Aircross.

Eles são complementados pelos faróis de neblina circulares na parte inferior, importantes para ampliar a fraca iluminação diante de um conjunto full LED, por exemplo.

Volumosa, a carroceria do Novo Citroën C3 Aircross evoca o apelo pelo espaço interno e acessibilidade com portas traseiras grandes e colunas C grandes, dotadas apenas de pequenas vigias.

O apoio do teto nelas fica evidente e deixa o conjunto mais leve, especialmente com as colunas A retas. Já as rodas de liga leve aro 17 polegadas parecem menores do que são realmente.

Atrás, a vigia ampla e as lanternas compactas expõem uma grande tampa do bagageiro, favorecendo seu acesso, enquanto o para-choque visa destacar a proposta do Novo Aircross. Barras no teto e pintura dois tons ajudam a vender a proposta deste SUV familiar da Citroën.

Dentro, o ambiente é simples como o projeto C-Cubed foca, mas ainda assim a marca parisiense não deixa passar a oportunidade de exibir sua expressividade e até certo ponto, a ousadia que lhe cabe sempre bem.

O painel tem uma textura de toque distinto, ainda que não seja de fato agradável, sendo áspera, mas isso não é um demérito, pelo contrário. Fugir do normal às vezes é bom.

Os difusores de ar estilizados também ajudam nessa missão de ser um carro diferente, mas a coisa para por aí. No mais, apenas os tweeters nas colunas A contribuem para um alento diante do restante.

O ar condicionado é simples e o Novo Citroën C3 Aircross usa somente entradas USB-A, o que não é de todo ruim para os tradicionalistas digitais. Falando nisso, a boa solução do cluster para o SUV deveria ser aplicada no Novo C3.

Com 7 polegadas, o display tem boa apresentação e três opções de visualização, destacando-se o econômetro. Já o volante tem bom aspecto, mas a coluna de direção “cai” ao ser ajustada e apenas em altura, outra coisa para uma atualização de meia vida lá na frente.

A multimídia de 10 polegadas é boa, assim como a projeção sem fio para smartphone e a câmera de ré, sendo um pacote útil no dia a dia.

Tendo espaços para smartphones no console, o Novo Citroën C3 Aircross Shine deveria ter um carregador indutivo, mas… Já a alavanca de câmbio está em dia, assim como o apoio de braço para o motorista.

Mas, evidenciando cortes, piloto automático/limitador, travas, bloqueio dos vidros e modo Sport ficam escondidos dos olhos do motorista no painel. Outro lado escuro do SUV é o porta-luvas, sem iluminação e longe do espaço do antigo.

Se olharmos para o teto então, a decepção aumenta com apenas duas luzes gerais e para-sóis com espelhos simples, sem tampa e sem iluminação.

Entre os bancos dianteiros, os comandos dos vidros traseiros lembram da proposta do C-Cubed, assim como o acabamento plastificado das portas, embora seja mais honesto que no C4 Cactus, que (ainda) vende uma proposta superior.

Os bancos em couro têm boa padronagem e confortáveis, mas sem luxo, com mais um pecado, sendo o traseiro inteiriço. Tudo bem que o bagageiro tenha bons 493 litros, mas não justifica não ser bipartido.

Nesse caso, o corte de custos já irrita quando se vai ao supermercado e tem que colocar o restante das compras no banco traseiro… Rebate, sim, mas com três pessoas a bordo, não.

E é isso, apesar do ótimo espaço para pernas atrás e do bom porta-malas, deslizes como este desagradam a interessante proposta do Novo Citroën C3 Aircross.

Que venham as atualizações de ano/modelo para corrigir algumas delas…

Sobra na estrada, bebe na cidade

O Novo Citroën C3 Aircross nos poupou do velho EC5M, o antigo TU5 da Peugeot, adicionando o moderno GSE 1.0 Turbo com seus três cilindros, 16 válvulas, turbocompressor (bem visível no cofre) e a injeção direta flex.

Com 125 cavalos na gasolina e 130 cavalos no etanol, ambos a 5.750 rpm, esse motor entrega 20,4 kgfm a 1.700 rpm nos dois combustíveis.

Para conter o ímpeto em beber, a Stellantis adicionou o câmbio CVT que simula até sete marchas, sendo uma solução que traz conforto, nem tanta economia (com o GSE Turbo) e menos desempenho.

O motor sobra num carro de 1.216 kg e garante boas saídas na cidade com a boa calibração do CVT, não tanto abrupta quanto na Fiat, o que agradecemos.

Usando o bom torque em baixa, o Novo Citroën C3 Aircross se torna bem ágil no trânsito, não exigindo giros altos para se deslocar bem, assim como o CVT permite maior conforto ao dirigir, sempre mantendo a linearidade no funcionamento.

Girando na casa dos 1.500 rpm, o GSE Turbo dá conta do recado e o SUV francês aproveita bem a força extra sempre bem-vinda desse motor.

Já na estrada, o Novo Citroën C3 Aircross desenvolve bem, ainda que nas acelerações mais fortes, o CVT deslize e por isso ele consiga “apenas” ir até 100 km/h em 9,7 segundos.

Com retomadas interessantes e ultrapassagens sem muito esforço, ele sobra nesse ambiente. Como usa CVT, o giro sobe para mais de 3.000 rpm quando se vai deixar alguém para trás, voltando aos 2.200 rpm de cruzeiro a 110 km/h, por exemplo.

Explorando o modo Sport, que eleva o giro em 1.000 rpm, o Novo Citroën C3 Aircross passa um pouco dos 6.000 rpm quando a coisa corta, mas o ganho de desempenho é entusiasmante num carro que nem precisa desse recurso para andar bem.

O SUV do duplo chevron também sobe ladeiras sem se intimidar e garante segurança diante de situações onde a potência é necessária.

Rodando na cidade, contudo, o GSE Turbo mostra seu vício ao fazer somente 8,6 km/l na gasolina, mesmo tendo o recurso do Start&Stop.

Isso já era esperado, embora já devesse ter sido encontrada uma solução para o dilema do consumo urbano. Na estrada, todavia, o 1.0 Turbo se mostra frugal, com 11,2 km/l a 120 km/h, 14,3 km/l a 100 km/h e 18,1 km/l a 80 km/h.

Bem ágil na cidade, o Novo Citroën C3 Aircross — com seus 4,320 m de comprimento, 1,720 m de largura, 1,673 m de altura e 2,675 m de entre eixos — tem uma plataforma bem acertada, a Smart Car (ex-CMP).

A direção é bem progressiva, sendo muito firme (como num modo esportivo de verdade) em velocidade na estrada e bem leve no trânsito urbano.

Os freios são adequados para a proposta, ainda que tenham tambores atrás. Já a suspensão tem compromisso com a firmeza e garanta curvas fechadas com mais estabilidade, assim como mudanças rápidas de direção.

As rodas grandes com pneus 215/60 R17 ajudam muito nisso. Todavia, eles também contribuem para maior invasão das irregularidades no pavimento no habitáculo.

Há certa vibração no ambiente, com ruídos vindos do painel e colunas, mas pior mesmo é o que vem dos bancos dianteiros, em especial do motorista, que range como num carro velho.

Estamos falando de um veículo com menos de 10.000 km no hodômetro e confiaremos que todos os que andaram antes trataram bem o carro. Dito isto, só há duas soluções: aumentar o som com quatro alto-falantes e dois tweeters e ignorar ou sugerir mudanças no projeto.

Tendo boa área envidraçada e espaço interno de sobra, o Novo Citroën C3 Aircross Shine oferece ainda piloto automático com limitador (ajustados no volante) como assistente do condutor e só.

A chave sem ser canivete foi outro erro, mas pelo menos os vidros fecham ao travar o carro. Ou seja, nem tudo é perfeito, ainda que nesse caso, devesse.

Não tão competitivo

O Novo Citroën C3 Aircross deveria ser muito competitivo com sua proposta, mas seu preço de R$ 129.990 na versão Shine, que parece intermediária em outros produtos da Stellantis, que dirá das rivais, poderia ser menor.

Podia custar R$ 115 mil e a versão de acesso sair por R$ 99.990. Isso, sim, ajudaria muito o SUV da marca francesa diante de um mar de concorrentes.

Mesmo assim, diante da Chevrolet Spin LT com cinco lugares, que sai por R$ 126.990, o SUV da Citroën esteja muito melhor.

Para justificar sua posição, a marca enaltece o espaço traseiro e o bagageiro, ainda o seja bem inferior ao do monovolume reclassificado de SUV pela GM. Tendo bom desempenho, ele agrada pelo conjunto motriz e pela acessibilidade, ainda que não tanto pela versatilidade.

O Novo Citroën C3 Aircross ainda tem muita coisa para ser corrigida e pode ser uma boa aquisição para quem almeja os atributos que ele oferece, mas se observando bem no mercado, se o alvo for apenas um SUV comportado, é melhor considerar outras opções antes de fechar a compra.

Vale? Por ora não. Quem sabe com atualizações…