Muita gente acha ter ótimos motivos para torcer o nariz para o Versa SR. Aqueles que formam o público comprador do modelo, que preferem um sedã mais clássico e discreto, e também aqueles que gostam de carros esportivos.
O primeiro grupo não acha que cai bem essa tentativa de “esportivar” o modelo, com detalhes externos em preto brilhante, rodas mais chamativas, emblema em vermelho na grade dianteira, e discreto aerofólio na traseira.
O segundo grupo não quer nem chegar perto do Versa, pois se no Kicks, o motor 1.6 não traz muitas emoções, em um carro maior (e que na verdade não é mais pesado), a situação só pode ficar pior, neste sentido.
Ao avaliar o modelo, imaginamos que ele teria alguns equipamentos a mais, para justificar a diferença de preço de R$ 4.700 a mais do que o modelo Advance.
Mas, analisando a lista de equipamentos de série do modelo, no site oficial da Nissan, e colocando os itens lado a lado em uma planilha (já que a página de “compare” do site não carregou de jeito nenhum) vemos que os itens a mais sempre são relacionados ao visual, quer seja externo, quer seja interno.
Para ter redução de preço em relação à “top” Exclusive, a versão SR não tem revestimento em couro dos bancos, faróis em LED, ar-condicionado digital, monitor de ponto cego e alertas de atenção do motorista e de tráfego cruzado traseiro.
Foram mantidos os alertas de colisão com assistente inteligente de frenagem (pode atuar no freio autonomamente) e de objetos esquecidos no banco traseiro. As rodas passam de 17 para 16 polegadas e a central multimídia reduz de 8 para 7 polegadas.
O Versa SR adiciona uma padronagem exclusiva dos bancos, que ainda são forrados em tecido (uma versão esportivada poderia muito bem trazer os bancos em couro), detalhes em black piano no painel e no console central.
No acabamento externo, temos espelhos laterais pintados em preto brilhante, grade diferenciada na dianteira, com o emblema SR, e aerofólio na traseira, também com um emblema SR enfeitando a tampa do porta-malas.
Para quem quer um visual um pouco mais caprichado do que o modelo Advance, pode valer a pena, pois o preço oficial é de R$ 13.800 a menos do que a versão topo de linha Exclusive.
Equipamentos de série
O Versa SR conta com seis airbags; chave inteligente i-Key com função de abertura e fechamento de portas; central multimídia com 7 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay; controlador automático de velocidade; carregador de celular sem fio; Visão 360° (AVM) com Detector de Objetos em Movimento (MOD); Alerta de Colisão Frontal (FCW); Assistente Inteligente de Frenagem (FEB); Sistema Inteligente de Partida em Rampa (HSA); travamento e abertura automática das portas por aproximação; painel de instrumentos com tela colorida de 7 polegadas (TFT) e vidros com acionamento elétrico nas quatro portas.
Visual bem moderno e bonito
As linhas do Nissan Versa dessa segunda geração vendida no Brasil são bem interessantes.
O modelo mistura modernidade e elegância, e por isso é muito difícil achar alguém que tenha a opinião de que ele é feio.
Olhando pela lateral, a linha de cintura bem alta é rapidamente notada, subindo ao mesmo tempo que o teto aumenta a sua curvatura, na parte traseira, lembrando as linhas de um cupê.
Mesmo com uma dianteira muito bonita, a traseira é a minha parte favorita.
Aquela suspensão macia (até demais) que todo tiozão gosta
Não vou reclamar da suspensão macia do Versa SR, até porque sou daqueles que prefere um carro com esse tipo de comportamento.
Mas, apesar de ter um acerto interessante, um problema que notei é que, para os trechos que o brasileiro percorre todos os dias, o comportamento da suspensão pode chegar a ser macio demais, indo ao ponto de dar facilmente um fim de curso, quando você passa pouquinha coisa mais rápido em uma lombada ou travessia elevada.
Com isso, torna-se imperativo passar bem devagar por esses obstáculos, algo que a maioria das pessoas não está disposta a fazer, ainda mais quando está naquela correria do dia-a-dia.
Cabine espaçosa e bancos confortáveis
Mesmo se você tiver um pouco mais de 1,80 metro de altura, não vai achar a cabine do Versa SR apertada.
O modelo entrega um bom espaço interno para quatro pessoas; o quinto passageiro sofrerá com o tunel elevado lá atras.
O isolamento acústico é razoável, e os bancos são bem confortáveis, mesmo após várias horas de uso contínuo.
Um motor ultrapassado perante a concorrência
O que mais se fala a respeito das vendas fracas do Versa no segmento em que se encontra é que o seu motor ultrapassado lhe prejudica muito neste sentido.
Somando as vendas de janeiro a novembro de 2024, o Onix Plus vendeu 54.000 unidades, o Fiat Cronos vendeu 39.000, o Hyundai HB20S vendeu 33.000, o Volkswagen Virtus vendeu 29.000 e o Toyota Yaris sedã vendeu 20.000 carros.
Bem distante deste grupo ali acima, temos o Honda City, com 14.000 unidades, e depois vem o Versa, com 10.000 unidades.
Pelas suas qualidades de carros japoneses, com boa confiabilidade geral, deveria vender muito mais. Mas o que pesa realmente é o motor.
Quando falamos que ele é ultrapassado, não estamos dizendo de maneira alguma que seja um motor ruim. Ele é bem gostoso de se guiar em trechos urbanos, e sua potência baixa, de apenas 113 cavalos, acaba sendo suficiente.
Mas, como o brasileiro se acostumou com motores equipados com turbo, é inevitável a comparação com outros sedãs compactos que disputam os compradores com o Versa, e nisso o modelo da Nissan fica para trás.
Por outro lado, o bom de um motor sem turbo é que sua manutenção é mais econômica, e ele também tem a tendência de durar mais tempo, e mais quilômetros rodados.
O consumo em nosso período de testes foi de 8,4 km/l com etanol, na cidade.
Alguns outros pontos negativos
Também podemos citar como pontos negativos do modelo, além do motor fraco, a tela digital do quadro de instrumentos, deslocada à esquerda. É no mínimo estranho.
A central multimídia tem uma tela muito pequena, de sete polegadas, e além disso, tem uma grafia bem ultrapassada. Nela, o pareamento com o celular ainda é feito obrigatoriamente com fio, apesar de o sedã contar com carregamento por indução, para o aparelho móvel.
Também não gostamos da falta de iluminação nos botões dos vidros elétricos, uma economia nada esperta, que deixa o dono do carro tateando pelos botões, quando está no escuro.
Um carro com muitas qualidades, que poderia ser melhorado facilmente
Se a Nissan colocasse um motor turbo no Versa SR, ele já se transformaria em outro carro.
Juntando isso a uma central multimídia com tela maior e pareamento sem fio com celular, já melhoraria seus tristes números de vendas no país.
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