Ele é um dos sedãs mais vendidos do país e a coisa não está boa para isso, mas o BYD Seal é algo realmente fora da curva e continua chamando a atenção, mesmo após um bom tempo de seu lançamento.

O Seal, como quase qualquer modelo da BYD, tem enorme potencial devido à sua vasta gama de opções, que não necessariamente são versões desse carro, incorporando carrocerias distintas.

Por um preço que continua quase congelado em R$ 299.800, ele anda sendo vendido com um bom desconto e pode ser um achado para quem busca um caro bem diferente do comum.

Com design chamativo, o BYD Seal também exagera na cavalaria, com 531 disponíveis.

Elétrico, ele tem autonomia de 372 km no Inmetro, mas no carro chega a 570 km.

Usando tecnologias no atual estado da arte, o BYD Seal mostra como os chineses rapidamente alcançaram um elevado nível tecnológico.

Mas, apesar disso tudo, será que vale a pena ter um?

Índice

Cara da modernidade

O BYD Seal se apoia no estilo Ocean e traz linhas bem aerodinâmicas, fluidas e chamativas, destacando-se o expressionismo da frente com seus faróis afilados e cara de esportivo.

A traseira é um pouco carregada, com difusores de ar fazendo jus ao que ele carrega, ainda que não seja um esportivo.

Todavia, as lanternas em LED são agradáveis e a silhueta geral é interessante.

Maçanetas retráteis e teto panorâmico são praticamente obrigatórios em sua proposta, que tem ainda rodas aro 19 polegadas de design fundindo aerodinâmica e estilo esportivo.

Dentro, o BYD Seal aposta nas ondas de seu estilo Ocean com muitas curvas no acabamento, sendo realmente bom, com toques de preto e cinza-claro, como os chineses se acostumaram.

Os bancos esportivos de apoio de cabeças integrais e elementos vazados são atraentes e confortáveis. Elétricos, vestem bem o corpo, além de serem ventilados e aquecidos nos dianteiros.

Já o painel peca somente por ter elementos gráficos de gosto duvidoso no cluster, especialmente o cronômetro de aceleração até 100 km/h.

A BYD precisa revisar isso, mas é somente questão de gosto pessoal.

A multimídia Di-Link está em outro nível com sua tela giratória de 15,6 polegadas, com apresentação bem mais aceitável e intuitiva, com atualização OTA, Wi-Fi, 5G, monitoramento em 540 graus e ajustes diversos.

O navegador GPS baseado no Maps é bom, mas não substitui o Waze.

Falta acesso direto à internet, mas a possibilidade de ter aplicativos diversos, até de entretenimento, jogos e streaming, vale a pena.

O volante esportivo é visualmente agradável, com bons ajustes, enquanto o ambiente espaçoso é um convite para se manter dentro dele com mais comodidade.

Tecnologias de acesso como NFC e internet trazem mais valor agregado ao produto.

No bagageiro, o volume não é muito, com 400 litros, o fazendo lembrar do New Civic, o último sedã médio fora da curva que tivemos aqui, que tinha 370 litros.

A tampa tem até acionamento elétrico.

Ele é 8 ou 80

O BYD Seal é um produto que revela como os carros elétricos são tão distintos dos automóveis a combustão, já que a eletricidade pode, em pacotes relativamente compactos, entregar uma cavalaria impressionante.

Com dois motores elétricos, o BYD Seal tem nada menos que 531 cavalos e 60,2 kgfm, sendo 218 na frente e 313 atrás, com torques de 23,4 e 36,7 kgfm, respectivamente.

O Seal tem somente uma velocidade e, sinceramente, não precisa de mais.

Indo de 0 a 100 km/h em 3,8 segundos, com final limitada a 180 km/h, o Seal tem números de um carro esportivo de nível AMG, RS ou M, por exemplo.

Isso se fosse europeu, porque se fosse americano, haveria um V8 enorme e só tração traseira…

Seja como for, se nos basearmos nos números, não estaremos sendo honestos. O BYD Seal está mais para um sleeper car que para um esportivo de verdade.

Num 8 ou 80 interessante, o sedã chinês realmente faz jus aos números, mas não se comporta como tal.

É como se tivesse menos de 300 cavalos em proposta apresentada, o que, pelo preço, já seria ótimo.

Se você pensar em como existe um BYD Dolphin com 204 cavalos, o menor motor do Seal na China, então estamos falando de um carro singular.

Todavia, assim como o Dolphin GS, há um pecado no Seal e são exatamente seus números. De fato, assim como o menor, não há de fato necessidade em ter 530 cavalos sob os pés.

Ele é rápido, sim, realmente é e você pode conferir isso no modo de aceleração no cluster.

Mas, no dia a dia, ele se comporta tão docilmente se você quiser, que isso seria uma ofensa grave se a proposta fosse como das siglas alemãs citadas.

Os modos de condução, nesse caso, nem precisariam existir. Há energia de sobra a qualquer momento.

Sem impactos contra o assento, exceto se você quiser impressionar os amigos, o BYD Seal é como um caça Gripen fazendo a função de um Super Tucano na maior parte do tempo.

Já o provamos em pista e ele anda muito mesmo, mas não é um carro que mergulha nas curvas como alemães e nem tem uma condução dinâmica de desempenho como se imagina.

O Seal se comporta bem ao volante, com boa responsividade da direção e freios aceitáveis, mesmo com ventilação frontal nos discos, mas o conjunto está calibrado para o conforto.

Os chineses não têm longa experiência em fazer carros esportivos.

Por isso, o BYD Seal está mais para certos modelos norte-americanos de alta potência do que para uma proposta parecida com a dos germânicos.

Em eficiência, sua bateria Blade fusionada com a carroceria traz 84 kWh com 82,5 kWh usáveis, entregando alcance de 570 km, embora o PBEV indique 372 km.

Seja como for, ele fez 8,5 km/kWh na cidade, com 11,0 km/kWh a 80 km/h, 8,5 km/kWh a 100 km/h e 6,6 km/kWh a 120 km/h.

Isso não faz muita diferença em carro elétrico, já que a autonomia ainda é o mais importante a considerar, pois o mapa da BYD te mostra até onde consegue andar.

É aqui, quando mais energia no pé, menos autonomia e pronto.

Com suspensão um pouco macia demais e com curso curto, o BYD Seal não gosta de certos pavimentos no Brasil e isso é ruim. O entre-eixos longo merece atenção nas lombadas e com carro cheio.

Já o pacote ADAS com controle de cruzeiro adaptativo e assistente de faixa, com o resto, é o que se espera dele, funciona.

Mas, consigo viver com um carro assim sem ficar pelo caminho?

Sim, mesmo com uma simples tomada aterrada em 220V, você nem precisa morar em uma cidade como São Paulo para não sentir medo de uma “pane seca”.

Aliás, pode-se até morar em cidades próximas à cidade de seu trabalho sem medo.

Obviamente, viagens longas necessitam de planejamento, mas já existe aplicativo que unifica várias redes de recarga.

A bateria Blade só não aceita o Tipo 2 (5 pinos) acima de 7,5 kW. Já os carregadores potentes de corrente contínua (CC) são um prato cheio para um tempo de recarga rápida do sedã.