
Quase metade do valor de mercado da Tesla foi perdida em questão de meses, uma queda drástica impulsionada por vendas em declínio e preocupações com a liderança da empresa, especialmente em relação ao CEO Elon Musk.
Analistas do JPMorgan afirmaram que nunca viram algo semelhante na indústria automotiva.
Temos dificuldade em pensar em algo análogo na história da indústria automotiva, em que uma marca perdeu tanto valor tão rapidamente”, escreveram os analistas, citando como único caso comparável a perda de vendas das marcas japonesas e coreanas na China devido a disputas diplomáticas em 2012 e 2017.
No entanto, destacaram que esses eventos foram limitados a um único mercado, enquanto a queda da Tesla em 2025 ocorre em diversas regiões simultaneamente.
Diante dessa situação, o JPMorgan reduziu sua projeção de preço para as ações da Tesla em 41%, passando de 230,58 dólares para 135 dólares.

Lembrando que desde o final de 2024 as ações chegaram a passar dos 400 dólares.
Além disso, a previsão de entregas para o primeiro trimestre de 2025 foi ajustada para 355.000 veículos, uma queda de 8% em relação ao mesmo período de 2024.
Desde dezembro até esta semana, após o fechamento do mercado, a Tesla perdeu quase 49% de seu valor de mercado, caindo de um pico de 1,54 trilhão de dólares para 777 bilhões de dólares.
A queda acontece em um momento de declínio global nas vendas da Tesla e desafios para sua imagem, muitos deles ligados às posições políticas de Musk.
A aliança do CEO com Donald Trump inicialmente pareceu positiva para a empresa, já que as ações da Tesla foram as únicas de uma montadora de veículos elétricos a subir após a vitória do ex-presidente em novembro.

A expectativa era que Musk usasse sua influência para direcionar políticas da Casa Branca e reduzir gastos governamentais, beneficiando a Tesla.
No entanto, essa suposição está sendo questionada. Analistas apontam que o envolvimento de Musk com o governo Trump pode estar afetando negativamente a demanda.
“O trabalho do Sr. Musk com o Departamento de Eficiência Governamental se mostrou controverso. Embora muitos à direita política possam aprovar, tantos outros à esquerda desaprovam, e o impacto nas vendas da Tesla parece, de qualquer forma, negativo”, escreveram os analistas do JPMorgan.
Recentemente, concessionárias da Tesla nos Estados Unidos foram palco de protestos e atos de vandalismo, forçando Trump a sair em defesa da empresa e sugerir que os responsáveis sejam classificados como terroristas domésticos.

Além das questões de reputação da marca, alguns analistas estão preocupados com a distração de Musk.
“A queda simultânea nos preços da Tesla e nas expectativas de volume de vendas coincidiu com sua aquisição do X, a plataforma de mídia social antes conhecida como Twitter”, observaram os analistas do JPMorgan.
Por outro lado, o Morgan Stanley vê uma oportunidade de compra para a Tesla, apesar da queda nas ações.
Segundo o banco, os investidores estão focados em “distração da gestão, degradação da marca e perda de vendas”, mas a empresa ainda tem catalisadores importantes no horizonte.
Entre os fatores positivos, estão o robotáxi da Tesla, que deve estrear em Austin ainda neste verão, e mais uma demonstração do robô humanoide Optimus, prevista para o final do ano.
No entanto, os analistas alertam que Musk tem um histórico de não cumprir prazos, o que pode afetar essas expectativas.
Apesar das perdas, a Tesla continua sendo a montadora mais valiosa do mundo, ainda à frente da Toyota, que tem um valor de mercado de 292 bilhões de dólares.
A Tesla não respondeu a pedidos de comentário sobre a situação.

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