A Tesla pode enfrentar um ano complicado com o retorno de Donald Trump à presidência dos EUA, apesar da relação próxima entre o presidente eleito e o CEO da montadora, Elon Musk.
Após divulgar uma queda nas vendas do quarto trimestre de 2024 e um recuo de 6% nas ações na quinta-feira, analistas do JPMorgan alertam para mais dificuldades à frente, especialmente com as propostas de Trump para eliminar subsídios e créditos fiscais para veículos elétricos (EVs).
Segundo estimativas do JPMorgan, cerca de 40% dos lucros da Tesla podem estar em risco caso Trump remova os incentivos fiscais e subsídios para EVs, que ajudam a tornar modelos como o Tesla Model 3 mais acessíveis.
Esses riscos chegam em um momento delicado, já que a Tesla registrou sua primeira queda anual de vendas em 2024, com 1,79 milhão de unidades vendidas, uma leve redução em relação ao recorde de 1,8 milhão no ano anterior.
“A Tesla não parece estar no caminho para dominar a indústria global de automóveis na transição para a eletrificação”, afirmou o analista Ryan Brinkman em nota aos clientes na sexta-feira passada.
Ele também reiterou uma projeção pessimista para o preço das ações da Tesla, fixada em US$ 135.
A queda nas vendas reflete não apenas o impacto potencial da remoção de subsídios, mas também uma mudança no comportamento dos consumidores, que agora optam por híbridos mais acessíveis e práticos em meio a um mercado de EVs saturado.
A desaceleração nas entregas antes mesmo da possível remoção dos incentivos foi um sinal de alerta para investidores, destacou Brinkman.
Parte significativa do fluxo de caixa da Tesla vem de sua venda de créditos regulatórios a montadoras concorrentes, que não conseguem cumprir metas de emissão.
Além disso, o modelo mais acessível da Tesla, o Model 3, se beneficia diretamente de um crédito fiscal de US$ 7.500, previsto na Lei de Redução da Inflação (IRA). Sem esses incentivos, analistas estimam que a Tesla poderia perder cerca de US$ 3,2 bilhões em receita.
Embora Musk tenha defendido publicamente que a remoção dos subsídios seria positiva para a Tesla, analistas discordam, argumentando que a empresa é a mais vulnerável a mudanças regulatórias entre os principais players do setor.
Apesar dos riscos, investidores inicialmente reagiram de forma positiva à proximidade de Musk com a Casa Branca, especialmente em relação à flexibilização das regulamentações para veículos autônomos, um elemento-chave nos planos de robotáxis da Tesla.
No entanto, as vendas mais recentes levantaram dúvidas sobre a capacidade da Tesla de manter sua liderança em um mercado competitivo e em transição.
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