A decisão da Agência de Proteção Ambiental (EPA) de aprovar um projeto piloto que permitirá a construção de uma estrada utilizando fosfogesso, um subproduto radioativo da produção de fertilizantes, gerou indignação entre ambientalistas e especialistas em saúde pública.
A aprovação permite que a Mosaic Fertilizer, LLC construa uma estrada em sua propriedade em New Wales, Flórida, utilizando o material controverso, que contém rádio e pode liberar gás radônio — ambos reconhecidamente radioativos e cancerígenos.
O uso de fosfogesso em construção de estradas não é novidade, mas sempre foi cercado por preocupações ambientais e de saúde.
Em 1992, a própria EPA alertou sobre os riscos para trabalhadores e futuros residentes de áreas onde essas estradas poderiam ser construídas. Agora, a agência afirma que o público não terá contato com a estrada, o que reduziria os riscos à saúde.
A Mosaic defende o projeto como uma oportunidade para demonstrar diferentes designs de construção com o material. No entanto, qualquer expansão futura desse uso ainda dependerá de novas aprovações regulatórias.
A aprovação provocou duras críticas de organizações como o Centro para a Diversidade Biológica. Ragan Whitlock, advogado do grupo, classificou a decisão como “incompreensível”, destacando os potenciais danos à saúde dos trabalhadores e à qualidade da água.
Segundo Whitlock, a EPA cedeu à pressão política da indústria de fosfatos, abrindo caminho para o uso do material perigoso em estradas por todo o país.
Durante o governo Trump, em 2020, a EPA havia aprovado o uso de fosfogesso em estradas governamentais, uma decisão que foi posteriormente revogada pela administração Biden, que a considerou generalista e pouco fundamentada.
Com a possível retomada do governo Trump, há dúvidas se essa prática será novamente autorizada em larga escala.
O fosfogesso, atualmente, é armazenado em “pilhas” para limitar a exposição pública. No entanto, essas estruturas também geram preocupações ambientais, especialmente em estados como a Flórida, que enfrentam tempestades frequentes e riscos de vazamento do material.
Em sua defesa, a EPA afirmou que o uso do fosfogesso na estrada piloto seria tão seguro quanto mantê-lo empilhado.
No entanto, essa avaliação não foi suficiente para aliviar os temores de ambientalistas, que alertam para os riscos de contaminação do solo e da água, além de impactos na saúde pública.
Embora o projeto seja apresentado como um piloto, ele levanta questões sobre o uso futuro do material em larga escala. Caso a prática se expanda, os impactos podem ser significativos, tanto para trabalhadores quanto para comunidades próximas.
A decisão reflete um delicado equilíbrio entre interesses industriais e preocupações ambientais, destacando a necessidade de monitoramento rigoroso e transparência nos processos regulatórios.
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