O Brasil segue a tendência global de priorizar tons acromáticos nos automóveis.
Segundo a Senatran, 68% dos veículos em circulação no país são pintados em branco, preto, prata ou cinza. A nível mundial, a preferência é ainda maior: 81% dos carros vendidos em 2023 tinham essas cores, de acordo com a fabricante de tintas automotivas Basf, em informações da reportagem da Folha de São Paulo.
Mesmo com o aumento das opções coloridas em lançamentos, como o laranja energy do Renault Kardian e o verde cacti do Chevrolet Equinox, as cores mais tradicionais dominam.
A Chevrolet, por exemplo, destaca a busca por tons como vermelho, azul e verde em modelos como Spin e Equinox.
Contudo, no caso de veículos populares, como Chevrolet Onix ou Fiat Argo, encontrar versões coloridas à pronta entrega é raro – geralmente, é necessário encomendar o modelo, com prazos de espera que chegam a fevereiro de 2025.
A preferência por tons neutros tem raízes práticas e culturais. Tons como branco e prata são vistos como menos propensos a desvalorização no mercado de usados, enquanto pigmentos como azul e verde são mais caros.
Além disso, o medo de uma cor “datada” leva os consumidores a escolherem opções mais seguras.
Márcia Holland, consultora de cores e autora de CMF (Color Material Finishing): A Essência das Cores, destaca o impacto da Apple na consolidação do branco como preferência global na década de 2010.
“O branco magnésio dos produtos da Apple influenciou outras indústrias, incluindo a automotiva”, explica.
O vermelho é uma das poucas cores que resiste ao domínio acromático, associada a esportividade e aventura, reforçada por marcas como Ferrari. Veículos de luxo, como Lamborghini e Ferrari, oferecem mais opções vibrantes, já que o custo de pigmentos premium se dilui em sua produção de alto valor.
Segundo Ricardo Vettorazzi, gerente técnico de repintura automotiva da PPG, “quanto mais premium o veículo, maior a chance de encontrar variedades de cores”. Essa diversidade também reflete o status e a personalidade de seus proprietários.
“Carros como Lamborghinis laranja ou verdes acabam se tornando uma ‘assinatura’ de quem os dirige”, afirma Holland.
Empresas de tintas continuam tentando inovar. Para 2025, a PPG aposta no *purple basil*, um violeta empoeirado, como tom do ano. Já a Basf destaca tons como graça calma (acinzentado) para a América do Sul.
Ainda assim, no Brasil, a resistência a cores chamativas persiste, especialmente nos segmentos mais populares.
Enquanto tons acromáticos continuam sendo a escolha segura para a maioria, o mercado premium e alguns consumidores ousados mantêm viva a paixão por cores vibrantes, mesmo que em doses pequenas.
[Fonte: Folha de São Paulo]
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